Uma questão de amor

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Um homem que ama uma mulher faz-lhe juras de amor, envolvendo carinho, proteção, garantias de continuidade e persistência nesse propósito de se dedicar a ela. Assume um compromisso diante das duas famílias e da sociedade, e, para o casamento na igreja, diante do Criador.

O amor de um casal é tão bonito e desejável que é tema inesgotável de filmes e novelas. As pessoas não se cansam de assistir, de desejar, de sonhar viver um amor.

Infelizmente acaba sendo função desagradável deste veículo informar feminicídios. O que acontece com aquele homem apaixonado, que tirou uma moça da segurança de sua família mediante promessas, que a levou para junto de si para formarem um casal? Será que o monstro que mata a esposa se forma ao longo dos desgastes do relacionamento, das frustrações com o trabalho, do envelhecimento, da deterioração física, ou será que ele já está ali, naquele noivo apaixonado, como um mal adormecido (ou escondido) que um dia irá se revelar? Um leque enorme de respostas, nenhuma definitiva, aparece quando os especialistas em relacionamento humano se debruçam para analisar esse fenômeno.

Apesar de serem muitos os motivos, o que parece se destacar é o fator cutural. Ou seja: não estão errados os que preferem tipificar como feminicído do que homicídio. Pois vem de um desprezo pela figura da mulher como ser igual em direitos. O feminicído começa na infância quando se estabelece que há serviços para meninos e serviços para meninas. Continua quando os meninos são cumulados de privilégios que as meninas não têm, e continua na vida adulta pela coisificação da mulher. O homem que mata muitas vezes está dando um recado: se não for minha, se não me obedecer, não vai ser de ninguém, nem de si mesma.

Sim. O substrato machista por detrás do feminicído é muito forte. Não vamos nos livrar disso tão cedo, mas podemos fazer algo. Podemos dar apoio a nossas irmãs, mães, colegas, amigas. Podemos condenar o assassino, não só na justiça, mas por condenar o seu ato, mesmo que seja de alguém da nossa família. Essa mácula social não surgiu agora e não vai sumir de repente, mas podemos lutar contra ela. Pense nisso e boa leitura.

Publicado na edição 1250 – 25/02/2021

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