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Padre André Marmilicz: Há mais alegria em dar do que receber

Na história do rico opulento, que fazia festas e banquetes todos os dias, surge a figura de Lázaro, que, para não morrer de fome, comia as migalhas que caiam da mesa do rico. Interessante perceber que o rico não tem nome, mas o pobre se chama Lázaro, que significa: ‘Meu Deus ajuda’. O texto do evangelho não diz que o rico era mau, que roubou para ter tudo o que tinha, e, nem apresenta Lázaro como homem bom, que ajuda os outros ou algo parecido. Aconteceu que os dois morreram e Lázaro foi ao lado de Abraão e o rico, no inferno, no meio dos tormentos. Mas qual foi o pecado desse homem, para merecer essa condenação? Se ele não roubou, não passou os outros para trás, não foi corrupto, talvez até batalhou muito para ter tudo o que tinha, porque então esse julgamento cruel?
O pecado do rico se chama INDIFERENÇA com o sofrimento do pobre. Esse seu jeito de agir, simplesmente ignorava a sua presença, sendo incapaz de partilhar e de ajudar aquele que estava sofrendo ao seu lado. Ele pecou porque só pensou em si mesmo, nas suas festas e banquetes, nos seus prazeres, ignorando totalmente a dor do pobre Lázaro.

Talvez até risse dele e zombasse da sua situação, imaginando que o pobre estava assim porque não foi fiel a Deus e, ele, estava na abundância porque Deus o tinha abençoado e lhe dado tudo aquilo que possuía. Talvez até julgasse o pobre como vagabundo e preguiçoso. Isso não aparece no texto, mas, pode ser uma hipótese bem viável e plausível.


O pecado da indiferença é o mais violento, porque simplesmente fecha a pessoa no seu mundo, incapaz de sentir a dor e o sofrimento do outro. Quando o ser humano se torna frio, fechado ao clamor do próximo, e, pior, zombando da sua miséria, demonstra a total falta de humanidade. É como se o mundo girasse somente em torno de si mesmo, das suas vantagens, dos seus ganhos, das suas conquistas, em detrimento do outro. O importante é gozar, ‘ser feliz’, e, que cada um se vire por si mesmo. É como se o problema do outro não tivesse nada a ver comigo, me colocando numa redoma incapaz de se abrir, sofrer, sentir com e sofrer com o outro.


Jesus, pelo contrário, se colocou plenamente ao lado do sofredor, visitando os pobres e doentes, acolhendo os excluídos e curando as pessoas dos mais diversos males que os afligiam. O jeito de ser de Jesus foi totalmente compassivo, empático, misericordioso, e, é na sua escola que nós devemos aprender as lições de amor. Quem proclama o nome de Jesus, mas é frio e indiferente aos sofrimentos do próximo, é um mentiroso e um hipócrita. Está simplesmente negando a Jesus, que fez da sua vida, uma vida de amor e de total respeito e ternura com os mais pobres e sofredores.


O mundo atual precisa resgatar a compaixão, contra todo tipo de indiferença, que se manifesta inclusive naqueles que se dizem seguidores de Jesus. Isso exige uma saída de si mesmo, e ir ao encontro do outro, sobretudo, daquele mais sofrido e marginalizado. A glória eterna, como nos apresenta Jesus neste evangelho, está reservada para aqueles que colocarem a sua vida serviço dos sofredores. Contra todo tipo de indiferença, abramos o nosso coração, amando a todos, como Jesus amou.

O pecado da indiferença
O pecado da indiferença 1

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