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Editorial: Ser político e também tomar decisões difíceis

Na semana passada, O Popular veiculou matéria publicizando o brilhante trabalho da Delegacia de Polícia Civil de Araucária que, rapidamente, conseguiu reunir as provas necessárias para colocar atrás das grades um casal que, pasmem, filmava crianças de dois e três anos em atos libidinosos com um adulto.

A notícia por si só já é nojenta e capaz de embrulhar estômagos, mas ela se torna ainda mais asquerosa quando se leva em conta que os vídeos eram feitos pela mãe das crianças e o adulto que perpetrava tamanha violência era o atual namorado da dita cuja.

Estamos diante, sem dúvidas, de um dos casos mais absurdos já noticiados pelo O Popular ao longo de seus 24 anos de história. O sadismo do casal é algo inaceitável pela sociedade de bem araucariense. E, obviamente, tal situação desperta em alguns os mais primitivos instintos. A repercussão da matéria é absurda e não invariavelmente vimos pedidos de que a justiça fosse feita “com as próprias mãos”. Ouvimos, mais do que isso, pedidos para que O Popular divulgasse nome e rosto do casal, bem como endereço pormenorizado de onde eles residiam e praticavam atos tão vis!

O jornalista que escreve uma matéria como essa ou que a leva para diante do vídeo é também um filho, um pai, uma mãe, um irmão, um ser humano e não achem que ele não sofre ao escrever um texto assim. Não pensem que a voz que leva a informação não embarga ao imaginar pelos momentos que essas crianças passaram na mão dessas pessoas.

Porém, o dever ético de relatar uma situação como essa respeitando o comando constitucional da prioridade absoluta aos direitos da criança e do adolescente impede que publiquemos nome, foto e endereço dos acusados. E impede porque – ao fazermos isso – estaríamos revelando automaticamente o nome das vítimas. E precisamos tentar preservar ao máximo essas crianças. Divulgar o nome da mãe que praticou tais atos é dar publicidade ao nome dos filhos violentados. É, de certa forma, fazer com que eles tenham a infância ferida mais uma vez e o que eles menos precisam agora é de exposição.

Felizmente, os órgãos de defesa dos direitos da criança e adolescente em Araucária funcionam a contento e já estão agindo para que essas crianças tenham o suporte necessário para superar os traumas vividos, ganhando o direito de ter uma nova vida. Longe daqueles que tanto os feriram.

Pensemos nisso, cuidemos de nossas crianças e boa leitura.

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