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Irmão Lauro: Páscoa

Os símbolos povoam a consciência humana. Ser capaz de criar e interpretar símbolos é característica essencial da inteligência. Tudo está repleto de simbologia. O símbolo e o ser humano mantêm relação dinâmica.

Ao enriquecer um símbolo – um significante – com novos significados, a pessoa se enriquece. O domínio da simbologia proporciona a multiplicidadede olhares e a diversificação de cenários, amplia a relação com os seres animados e inanimados, concretos e abstratos, aumentando o poder de comunicação e atribuindo novo sentido às ações.

Quanto maior a cultura e a sensibilidade de uma pessoa, maior a possibilidade de agregar novos significados a um símbolo. Uma palavra, uma frase, um livro, um gesto, um relógio, um espinho, uma teia, uma serpente, uma pessoa, a vida, o universo… são alguns exemplos dos infinitos símbolos que oferecem inesgotáveis significados. O poder de transcender o significado imediato das coisas dá ao ser humano a possibilidade de ser criador. Criador de artes, de ciências, de caminhos, de horizontes, de um mundo mais humano.

Nesta época de Páscoa, enfocamos os símbolos pascais, que vão continuamente recebendo nova roupagem para dar respostas concretas aos problemas atuais.

Dentre os muitos símbolos da Páscoa, destacam-se o cordeiro, a cruz, o pão e o vinho, o ovo, o coelho e o círio. Sabemos que o cordeiro simboliza Cristo, levado inocentemente à morte; a cruz simboliza ao mesmo tempo o sofrimento e a ressurreição de Cristo; o pão e o vinho simbolizam a celebração da vida eterna; o ovo simboliza a vida nova, com a ressurreição de Cristo; o coelho, pela capacidade de proliferar-se em pouco tempo, simboliza a Igreja, que tem a capacidade de fazer novos discípulos; o círio simboliza Cristo, a luz dos povos. Nesses símbolos, cabem muitos outros significados, porque a realidade é mutável e é mutável também o ser humano.

Que olhares devemos lançar sobre a Páscoa no contexto atual da humanidade? Diante da banalização da vida, das discriminações, da depredação ambiental, da distância cada vez maior entre ricos e pobres, do enfraquecimento da família, do persistente narcisismo, da crescente violência, que novas visões nos oferecem os símbolos da Páscoa? Que novas perguntas? Que novas respostas?

Páscoa significa passagem, libertação, vida nova. A Páscoa nos pede o esvaziamento de conceitos antiquados e de práticas inadequadas para que passemos a nos ocupar com conceitos novos e com práticas pensadas, intensas e profundas. A Páscoa pede renovação contínua. O mundo, como pedra bruta, precisa ser polido até que se torne diamante.

Que a Páscoa não seja um símbolo antigo e vazio, mas cheio de esperança e de luz para um mundo inédito.

Edição n. 1357

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