Araucária PR, , 25°C

Foto: Carlos Poly

Numa solenidade realizada na última quinta-feira, 22 de fevereiro, no auditório da Unifacear, o prefeito Hissam Hussein Dehaini recebeu das mãos do presidente da Câmara de Vereadores, Ben Hur Custódio de Oliveira, a placa alusiva à concessão do título de cidadão honorário de Araucária.

A lei tornando Hissam um cidadão araucariense “por adoção” foi aprovada em 2021 e teve como autor o próprio Ben Hur. Essa honraria é concedida a pessoas não nascidas na cidade, mas que em razão dos relevantes trabalhos prestados em favor dela são consideradas araucarienses natos.

Hissam, como se sabe, nasceu em São Paulo, no ano de 1957. Filho de pais libaneses, ele chegou em Araucária há 44 anos e aqui constituiu família e desenvolveu seus negócios, tornando-se prefeito em 2016 e sendo reeleito em 2020.

Durante a solenidade de entrega do título de cidadão honorário, as centenas de presentes tiveram a oportunidade de ver e ouvir um Hissam emocionado, o qual agradeceu imensamente a titulação concedida, ressaltando que “dinheiro algum no mundo paga” a honra de ser reconhecido como araucariense.

O prefeito ainda relembrou alguns dos momentos de sua trajetória na cidade de Araucária, desde os tempos em que empreendeu como comerciante, das perseguições que sofreu, sendo acusado por muitos anos dos mais variados tipos de coisas. Sincero, afirmou que não guarda mágoas das pessoas que o taxaram de bandido e outros adjetivos nada elogiosos. Pontuou ainda o reconhecimento que a população lhe deu por duas vezes nas urnas e o carinho que sente ao andar pelas ruas da cidade o confortam. “O turco agora é araucariense”, disse, rindo.

Num discurso que pode ser equiparado a uma aula de resiliência, Hissam ainda recuperou alguns dos momentos marcantes de sua vida, como o falecimento de seu filho Jihad Dehaini. “Ele tinha oito anos. Morávamos ali na rua lateral do prédio da Prefeitura. Ele brincava em frente à nossa casa com sua walk machine (patinete) quando o cachorro saiu em direção à rua e ele foi atrás, um carro veio e o atingiu. Lembro-me de vir de Curitiba, desesperado, fui até o Hospital das Irmãs (antigo Hospital São Vicente) e o vi sobre uma mesa. Parecia dormir, não tinha um ralado sequer. Eu e minha esposa sentíamos uma dor enorme, mas não tinha o que fazer. Disse então pra ela: vamos sepultá-lo logo, não vamos ficar adiando. Poucas horas depois estávamos no velório e me veio a cabeça que podíamos doar as córneas dele. Ele tinha olhos verdes lindos e poderia ajudar outras pessoas a enxergar. Pedi para que todos saíssem do velório e chamamos os médicos que vieram e retiraram as córneas e elas foram úteis para outras pessoas enxergarem o mundo que o Jihad não pode”, lembrou.

As falas de Hissam sobre sua trajetória, passando – inclusive – pelas vezes em que foi preso e como isso afetou sua família também emocionaram a muitos dos presentes. Ele dedicou ainda o título a sua família, que teve que suportar muitos dissabores por conta das acusações injustas que sofreu ao longo de sua vida. Agradeceu ainda a sua esposa, Kauane Dehaini, a Câmara e aos moradores de Araucária que lhe deram a oportunidade de administrar a cidade.

Edição n.º 1404

Leia outras notícias