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Janeiro Branco: Psicóloga tira dúvidas sobre cuidados com a saúde mental
Foto: Divulgação

A campanha Janeiro Branco, que este ano tem como tema “O que fazer pela saúde mental agora e sempre?”, traz à tona um tema que não pode ser ignorado: a saúde mental. Criada em 2014 pelo psicólogo e palestrante Leonardo Abrahão, a campanha se tornou um marco no calendário brasileiro e, desde 2023, é reconhecida oficialmente como Lei Federal (Lei 14.556/23).

A psicóloga araucariense Mariana Torres, destaca que o Janeiro Branco é uma oportunidade para que as pessoas se sintam encorajadas a buscar ajuda e a dialogar sobre suas emoções. “Podemos pensar que saúde mental é, da perspectiva psicológica e fisiológica, ter um bom funcionamento do organismo, permitindo que uma pessoa seja funcional no dia a dia, no trabalho, nos relacionamentos e na vida pessoal. Isso envolve saber lidar com momentos de estresse, ansiedade, tristeza, ou seja, conseguir gerenciar momentos difíceis de maneira saudável. Ela está diretamente relacionada à forma que pensamos, sentimos e agimos às situações ao nosso redor”, explica.

Segundo a psicóloga, quando falamos de uma pessoa que está com a saúde mental fragilizada, primeiro precisamos lembrar que, acima de qualquer diagnóstico ou sintoma que apresente, ela continua sendo um ser humano. E cada um pode reagir de maneiras diferentes e apresentar sintomas diferentes. Mas de maneira geral, existem alguns comportamentos e sintomas que podem indicar que alguém está passando por dificuldades. “O isolamento social, perda de interesse por atividades que gostava anteriormente, dificuldade para dormir ou sono em excesso, apetite em excesso ou falta dele, entre outros, podem ser sinais de que as coisas não vão bem. É importante ressaltar que um sintoma isolado não define uma pessoa, nem fecha um diagnóstico”, explica.

Ela diz ser fundamental considerar três aspectos quando falamos sobre qualquer sintoma: sua intensidade, frequência e prejuízo que eles causam no dia a dia do sujeito. Sentir tristeza e se sentir desatento, por exemplo, é normal e é até esperado em alguns momentos da vida. O que diferencia esses sintomas normais dos patológicos é a presença de uma frequência elevada, intensidade significativa e o prejuízo que geram na rotina do indivíduo.

Preconceito

Mesmo nos dias atuais, o tema ainda enfrenta muitos tabus e preconceitos. “A saúde mental e o ‘fazer terapia’ ainda são mal vistas por algumas pessoas. Apesar disso, já tivemos significativos avanços nesse sentido. A pandemia, por exemplo, não nos trouxe apenas impactos na saúde física, mas também na saúde mental. Foi um período em que, além do vírus contagioso nos afetando e afetando também nossos familiares e conhecidos, fomos privados de nossas rotinas, eventos sociais e interações com outras pessoas. Fomos impactados de diversas formas, fazendo com que precisássemos voltar nossa atenção a esse tema. Então vejo que esse movimento de cuidar mais da saúde mental e, consequentemente, desmistificar tabus ainda existentes, foi intensificado devido aos efeitos negativos da pandemia na nossa saúde, e é um tema que permanece em evidência no período pós pandêmico que estamos vivendo”, compara.

Mariana reforça que a ajuda de um profissional da saúde mental (psicólogos e psiquiatras) é bem-vinda, principalmente quando o indivíduo apresenta dificuldades para lidar com as situações cotidianas sozinho. Seja uma separação, mudança de trabalho, luto ou quando sentir que está difícil manejar por conta própria suas emoções, pensamentos e comportamentos. “O objetivo do psicólogo é acolher o paciente, suas dificuldades e trabalhar em conjunto com ele para uma vida que faça sentido e valha a pena ser vivida. É importante lembrar que a ajuda profissional também pode e deve fazer parte da prevenção do desenvolvimento de sintomas, não apenas do tratamento. A psicoterapia não deve ser vista apenas como uma resposta a crises, mas como um processo e ato de cuidado consigo mesmo”, afirma.

Foco no cuidado emocional

Para a psicóloga, é comum que no início do ano comecemos as atividades a todo o vapor. Muitas metas, sonhos e planos são traçados, o que é importante para sabermos qual caminho precisamos trilhar durante o ano e para onde queremos ir. “Mas acredito que o mais importante é iniciarmos com equilíbrio tudo isso, ou seja, definir metas realistas, dividir objetivos maiores em passos menores e possíveis, organizar a rotina de acordo com as nossas prioridades do ano, incluindo tempo para descansar e atividades que façam sentido para nós. A verdade é que mudanças significativas não acontecem de um dia para o outro. Afinal, a única coisa que muda do dia 31 de dezembro para 01 de janeiro é a data no calendário. Mudanças importantes e sonhos realizados são resultados de pequenas ações feitas com constância no dia a dia e na rotina”, declara.

Ambiente de trabalho

De acordo com Mariana, o ambiente de trabalho costuma ser um dos espaços que passamos grande parte do tempo das nossas vidas. Não é raro que convivamos mais com colegas de trabalho do que com pessoas da nossa família. “Considerando que, os ambientes em que vivemos possuem um impacto significativo na nossa saúde mental, investir na qualidade dos espaços profissionais se torna essencial.

Ainda, outro aspecto que influencia nossa saúde são as pessoas com quem dividimos a vida. Apesar de não termos controle sobre quem são nossos colegas de trabalho, podemos nos esforçar para sermos pessoas agradáveis e respeitosas”, ilustra.

No entanto, ela complementa que esse esforço em desenvolver um local acolhedor e saudável também deve ser uma preocupação das empresas. Para mais informações, siga a psicóloga Mariana Torres no Instagram @psi.marianatorres.

Edição n.º 1448.

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