A alegria da missão

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No relato dos setenta e dois, enviados por Jesus para a missão, está bem presente e bem destacada a alegria dos discípulos, quando voltaram para casa. Eles estavam entusiasmados por tudo aquilo que o Espírito de Deus tinha operado nas pessoas, através deles. Cansados da missão, dos imprevistos, das dificuldades, eles demonstravam uma alegria profunda pelo bem que tinham realizado. Não era uma alegria qualquer, uma alegria vazia e passageira, mas sim, um bem estar interior profundo, por tudo aquilo que tinham feito: curado os doentes, expulsado os demônios, enfim, tinham anunciado com amor o Reino de Deus.

No mundo atual, constatamos aqui e acolá, como as pessoas de modo geral são tristes, depressivas, vazias, sem vontade de viver. O que mais chama atenção, é que este sintoma de vazio é muito frequente entre os adolescentes e jovens. Estes, na verdade, deveriam ser o exemplo de ânimo, de entusiasmo, dado a enorme energia física que faz parte de suas vidas. Mas, pelo contrário, tantos não demonstram nenhuma alegria pela vida, se sentem deprimidos, agitados, diminuídos, sem importância, e muitos, diante desta situação, preferem eliminar a sua própria vida.

Quando um jovem coloca a sua vida em prol de um ideal, de um projeto voltado ao próximo, percebe-se nele uma verdadeira transformação interior. Encontra então um sentido, uma razão para continuar vivo e animado nesta terra. Quantos jovens vibrantes, entusiastas, quando descobrem o rosto de Jesus Cristo e se sentem impulsionados por ele para a missão. Lembro-me de um jovem italiano que resolveu dedicar dois anos da sua vida numa missão na África. Voltou renovado, com uma experiência que o conduzirá por toda a vida. Tantos jovens ocupam suas férias, fazendo a experiência da missão em lugares pobres, difíceis, exigentes e isso dá um sentido renovado para as suas vidas. Como é bom ver jovens, enamorados com o evangelho de Jesus, dando seu tempo para acolher pessoas carentes, visitando asilos, orfanatos e até prisões. No encontro com o mais necessitado, eles descobrem o verdadeiro rosto de Jesus, e ali, renovam suas vidas e seus projetos.

Assim como os jovens, cada um de nós renova a sua vida, quando doa seu tempo, de modo voluntário para a comunidade, para visitar quem precisa, para levar uma palavra de conforto e de esperança para um abatido. Quando ‘perdemos’ nosso tempo com a pessoa fraca, doente e deprimida nós nos realizamos porque o amor que doamos ao próximo volta para cada um de nós, em forma de graças e bênçãos. O egoísmo, o fechamento em si mesmo destrói, gera mal estar, mesmo tendo tudo, materialmente falando. Não são as coisas que nos realizam e que nos dignificam, mas o nosso amor ao próximo, através de pequenos gestos de acolhida, de ternura e de compreensão.

Como passageiros no trem da vida, somos chamados a semearmos, por onde passarmos, sementes de amor, de coragem, de otimismo e de esperança. A vida para um seguidor de Jesus só tem sentido, quando colocada de modo livre, espontâneo e voluntário, em prol dos mais necessitados. Lembro-me da irmã Dulce que será canonizada no dia 13 de outubro, Santa Dulce dos Pobres, uma vida toda dedicada em prol dos mais carentes e necessitados. Seguindo seu exemplo, somos chamados a ir ao encontro do outro, um encontro feito de amor, de entrega, de gratuidade, servindo o irmão de modo livre e desinteressado. Somente a alegria da missão que brota do evangelho nos realiza plenamente.

Publicado na edição 1170 – 04/06/2019

A alegria da missão

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