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A inveja

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Um dos sete pecados capitais, a inveja tem lá suas fraquezas, a começar pelo próprio nome que em Latim quer dizer olhar enviesado. Portanto aquele olhar de rabo de olho, aquele olhar pelo canto dos olhos, aquele olhar cabisbaixo, aquele olhar de revesgueio como diz o povo, ou de soslaio, credo até parece de lacaio, ou aquele temido “olho gordo” que a tantos faz temer, ou o olhar de quem está com o rabo preso, aliás, muito comum, são olhares de prenúncio de inveja, A inveja não é só um pecado capital, depois de morto, como o cara vai ficar de olhos fechados, pouco nos importa, o problema passará a ser só do invejoso, O saco é que quando ele habitar entre nós, ele usará da inveja para disseminar o mal entre os de olhares serenos, os de olhares amenos, os de olhares ingênuos, os de olhares transparentes, os de olhares fraternos, os de olhares de gente, como só os de bom caráter conseguem enxergar. “Olhos nos olhos, quero ver o que você diz. Quando me vir tão feliz…” Já dizia o velho Chico de claros olhos azuis, para aqueles que como você, como eu, como nós, a maioria, acreditamos num jeito bom de viver, de se amar, e de enfrentar as adversidades e os adversários de mau caráter que temos de combater. A inveja trai o invejoso.

Eu não sou cego, mas posso Ihes assegurar que o sentimento de inveja inexiste naquele que é cego de nascença, porque a inveja só floresce em quem possui a vista, e nele ao alimentar a cobiça, pode brotar junto, o pecado da inveja. Eu não sou médico, mas é triste saber que tem gente que de tanta inveja estragou seus olhos para conseguir enxergar, porque o olhar de inveja, cultivado ao longo da vida, cansou os músculos oculares e o deixou com a visão debilitada, e hoje está lá o grande invejoso a necessitar de óculos de grossas lentes, para conseguir enxergar o que qualquer carente, mas de olhos transparentes, consegue notar. Nunca poderemos esquecer, contudo, que a vida se olha pelos dois lados. Existem os de olhares cabisbaixo, tristes olhares por sinal, porque são daqueles que a vida oprimiu, assim como existem os que se utilizam de grossas lentes porque a vida lhes roubou a visão, ao força-Iá em demasia para entender o mundo, sem se lembrarem contudo, que o mundo dos homens, como nossos mortais olhos os veem, é o da fantasia, é o mundo da ambição, é o mundo da ilusão. É triste ver o homem que perdeu a visão do mundo. É sublime o homem que não necessita dos olhos para compreendê-Io.

Publicado na edição 1253 – 18/03/2021

Texto: EDILSON BUENO