Na última quinta-feira, 19 de outubro, foi réu no Tribunal do Júri de Araucária, Afonso Baja. Ele era acusado pela morte de Leocádio Roque Woinarovicz, 42 anos, em 6 de maio de 2013, em uma chácara localizada na estrada de Catanduva, região rural de Campo Redondo. Na mesma ocasião, Afonso teria, ainda, tentado matar Thiago Woinarovicz, filho de Leocádio.
O júri teve início às 9h e terminou somente na madrugada do dia seguinte, por volta da 1h30 de sexta-feira. O Conselho de Sentença decidiu condenar Afonso Baja por homicídio qualificado consumado contra a vítima Leocádio e pela tentativa de assassinato qualificada de Tiago. Com a decisão soberana dos jurados em mãos, o juiz Sergio Bernardinetti estipulou a pena do assassino em vinte anos de reclusão, sendo que o regime inicial de cumprimento decretado foi o fechado.
Afonso saiu preso do Tribunal, visto que não foi concedido a ele o direito de recorrer em liberdade. O magistrado entendeu que isso não seria possível pelo fato de ter ficado comprovado no caso a periculosidade do condenado, pela prática de homicídio cruel e covarde contra vítima indefesa, de surpresa e com arma de fogo.
Recentemente, inclusive, Afonso, já respondendo pelo crime contra a família Woinarovicz foi preso em flagrante por porte ilegal de arma de fogo, sendo que essa conduta do criminoso contribuiu para que o juiz lhe negasse o direito de recorrer em liberdade. “É evidente que se trata de pessoa que não pretende ajustar sua conduta à estrita legalidade”, escreveu.
Finalmente com a sensação de justiça feita, a vítima que sobreviveu e sua família enfatizaram que esperavam há mais de quatro anos por este dia e que a decisão foi um verdadeiro alívio. “O Leocádio era uma pessoa muito querida por todos. Nossa família ficou mais tranquila pelo fato do Afonso ter sido condenado, afinal ele teria que pagar de alguma forma pelo que fez. Não pensamos em vingança, só esperamos que a justiça fosse feita”, comentou um familiar.
Leocádio e por homicício
qualificado tentado contra Thiago
A família ainda destacou a dificuldade em ter que reviver toda a situação traumática da perda de um ente querido no dia do julgamento. “Foi muito triste ter que passar por tudo isso novamente, ainda mais com detalhes. Perdemos um pai de família, isso nunca sairá da nossa lembrança”, enfatizaram.
TJ TAMBÉM NEGOU LIMINAR
Na última sexta-feira (20), os advogados do assassino entraram com um Habeas Corpus junto ao Tribunal de Justiça do Paraná para que Afonso pudesse aguardar o recurso em segundo grau da decisão do júri popular em liberdade. No entanto, em decisão exarada nesta terça-feira (24), o pedido liminar foi negado. Contudo, o advogado Elias Mattar Assad comentou que irá recorrer e que acredita na liberdade do seu cliente.
Já os advogados Ricardo Escher e Cid Ferreira de Camargo Júnior, que atuam como assistentes de acusação, visto que o a responsabilidade titular pela denúncia é do Ministério Público titular da ação, comentaram que estão acompanhando a família das vítimas desde o início do processo e desde então sempre acreditaram no trabalho da Promotoria Criminal. “A Justiça fez seu papel. O réu foi julgado pelo Tribunal do Júri que entendeu que o Afonso Baja matou o Leocádio e quis tirar a vida do Tiago. Agora a família da vítima está aliviada com o término do julgamento e acredita que a justiça foi, enfim, feita”, comentaram.
Os advogados de acusação ainda afirmaram que esta condenação vem demonstrar que o “Poder da Lei” se faz firme e presente, impondo-se o seu cumprimento. “Auxiliamos os trabalhos do Ministério Público no dia do júri, mas o promotor fez um excelente trabalho, pois conseguiu demonstrar aos jurados todas as provas do crime que existiam no processo”, destacou Escher.
Aumento da pena
Se, por um lado, a defesa do assassino tentará colocá-lo em liberdade em segunda instância, por outro, o Ministério Público já avisou que irá recorrer da sentença na tentativa de aumentar a pena de Afonso Baja. A íntegra do recurso deve ser conhecida nos próximos dias.
RELEMBRE O CASO
O homicídio teria sido motivado porque Afonso teria arrendado de um vizinho um terreno para plantação. Porém, Leocádio, em data posterior, teria oferecido ao vizinho um pouco mais de dinheiro para arrendar a terra, ganhando, assim, a posse. Alguns boatos ainda apontaram que, como Afonso já tinha colocado calcário na terra, foi cobrar o valor do produto, mas já chegou atirando no pai e no filho que estavam lá trabalhando.
Também de acordo com a denúncia, o réu somente não consumou o homicídio contra Thiago por circunstâncias alheias à sua vontade, visto que a vítima foi prontamente socorrida por terceiros.
Foto: diulgação
