Informática altera a rotina de 50 idosos
Michel Aparecido Figueredo, de 74 anos, é um dos alunos da oficina e já pensa em escrever um livro

Vários idosos têm passado longos períodos na oficina de informática oferecida pelo Centro de Convivência Dr. Ulysses Guimarães, em Araucária. A maioria dos alunos não sabia nem ligar o aparelho e já aprenderam medidas para estimular a memória com jogos no computador, por meio de textos digitados para exercitar o raciocínio e o conhecimento das regras ortográficas. Há até mesmo quem ouse ser o próprio escritor para aumentar ainda mais o desafio.

A oficina teve início no local em agosto de 2011 e hoje tem aproximadamente 50 participantes. As noções passadas partem de princípios bem básicos já que o público iniciante e com mais idade sente uma certa dificuldade nas primeiras aulas. É preciso força de vontade para lidar com a “novidade” da ferramenta digital, dispensada por tantos outros colegas da mesma faixa etária, alheios à tecnologia.

“É muita coisa diferente para eles. Por isso tentamos trabalhar temas que eles gostem, que se reconheçam e interessem, como textos sobre a própria terceira idade. Trazemos impressos em letras maiores para amenizar as dificuldades de leitura que alguns apresentam”, comenta a orientadora da oficina, Aneli Maria Budal. Isso porque são poucos os que se interessam pela internet, preferem mesmo copiar textos impressos.

Antônia Liberalina da Silva, de 73 anos, participa das atividades desde o início. Ela vai praticamente todos os dias ao laboratório de informática. A aposentada diz que mexendo no computador a imaginação fica mais solta. “Antes eu escrevia o que vinha na cabeça no papel. Pelo computador é mais fácil, porque se você erra, é só apagar e voltar. Mas o que gosto mesmo é mexer nos joguinhos”, relata. As idas ao laboratório são disputadas e fizeram Antônia incluir um novo objeto em sua lista de desejos para a casa: um computador, é claro. “Não precisaria ser super moderno, pode até ser velhinho, só precisa funcionar”, relata.

E o local está cheio de outros exemplos, como é o caso de Michel Aparecido Figueredo, 74 anos. Ele é pai de um técnico em informática, só que aprendeu sobre os benefícios que o computador proporciona na oficina. O fascínio que o computador lhe trouxe fez com que o dinheiro ganho com o décimo terceiro salário do ano passado fosse destinado para compra da máquina que lhe ajudará a escrever um livro: a história de sua vida. Ele ainda não começou a escrever o enredo, mas está entusiasmado com a possibilidade de contar sua história para as futuras gerações que ainda virão.