Estádio do Tupy ganha nome de herói araucariense

O Popular conversou com dona Baldina, viúva do pracinha. A entrevista em vídeo está disponível em nosso canal no Facebook. Foto: Everson Santos
Facebook
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Email
Estádio do Tupy ganha nome de herói araucariense
O Popular conversou com dona Baldina, viúva do pracinha. A entrevista em vídeo está disponível em nosso canal no Facebook. Foto: Everson Santos

A fachada do Estádio do Tupy, no Campina da Barra, ganhou recentemente o nome de Ludovico Bylnoski, herói araucariense que lutou na 2ª Guerra Mundial.

A homenagem é fruto de um projeto de lei do vereador Celso Nicácio (PSD) àquele que foi um dos primeiros moradores do Campina da Barra. Falecido em 2006, Ludovico viveu quase que a totalidade de seus dias naquela região e, quando não esteve naquelas terras, desejava fervorosamente voltar a pisar aquele chão com vida.

Isto porque os poucos anos longe do Tupy foram justamente aqueles em que Ludovico esteve a serviço do exército brasileiro, fosse treinando no quartel da Lapa, ou na cidade do Rio de Janeiro, esperando para embarcar rumo à Itália para lutar na 2ª Grande Guerra.

Ainda moradores do Campina da Barra, parte da família de Ludovico conta que a guerra marcou profundamente sua vida. “O pai não gostava muito de contar o que aconteceu na Itália, mas volta e meia ele acabava relatando o que viveu lá. Alguns amigos dele perguntavam se ele chegou a matar muita gente enquanto esteve na batalha. Ele nunca respondia. Só dizia que lá era matar ou morrer”, relembra Herminio Cândido Bylnoski, um dos seis filhos que o pracinha araucariense teve com dona Baldina de Lima Bylnoski.

Dona Baldina, aliás, segue viva, lúcida e contando algumas histórias de seu companheiro de vida. “Ele me conheceu depois da guerra. Eu morava em Palmital e ele aqui (no Campina da Barra), daí ia a pé me visitar”, recorda.

A casa em que reside dona Baldina é cheia de recordações da aventura vivida por Ludovico na Itália. Numa parede da residência estão as muitas placas que o soldado recebeu ao longo de sua vida como forma de agradecimento pelos serviços prestados ao Brasil e ao mundo naquela triste década de 1.940. “O pai comentava que foi servir na Lapa, recebeu algumas semanas de treinamento, aprendeu a atirar e, de repente, o comandante chegou e disse que eles iriam para o Rio de Janeiro e depois para a Itália lutar na guerra. O pai tinha estudado pouco, mal sabia ler e escrever. Quando chegou ao Rio, o colocaram num navio e semanas depois ele estava em Napoli para lutar contra os alemães”, conta Hermínio.

Ele relembra ainda que o senhor Ludovico ficou no “front de guerra” por quase dois anos. Como membro da Força Expedicionária Brasileira (FEB), ele lutou várias das batalhas que marcaram a passagem dos pracinhas pela Itália. “Ele contava que passaram muito frio lá, passaram fome também e que os alemães eram mais bem treinados”, destaca. Hermínio disse que o pai contava que, quando nevava, os alemães usavam uma espécie de casaco branco que dificultava que eles fossem reconhecidos nas batalhas. “Meu pai contava que, em meio as nevascas, eles iam caminhando e, de repente, do nada saia um soldado alemão para atacá-los. Eles também esperavam anoitecer e usavam um punhal para matar os soldados aliados. Meu pai até pegou um desses punhais durante uma batalha e trouxe para o Brasil como recordação”, afirma.

Outra história relembrada por Hermínio é de quando a guerra terminou. “O pai estava de guarda nesse dia e comandante dele, o Magalhães, chegou gritando que os alemães haviam se rendido. O pai achou que era uma espécie de emboscada e não largou o posto. Só depois de algum tempo é que ele viu que era verdade mesmo”, detalha.

De volta ao Brasil, Ludovico optou por não seguir no Exército. Veio para casa, no Campina da Barra, que nem este nome tinha, e começou a plantar nas terras da família. Passado algum tempo soube que havia uma moça moradora da região de Palmital que “precisava” casar. “O pai colocava os tamancos de madeira e ia a pé do Campina da Barra até o Palmital para ver a mãe. Decidiram então namorar, se casaram e tiveram seis filhos”, resume.

Casados, Ludovico e dona Baldina sempre viveram na região do Campina da Barra. Ali plantavam, principalmente batata, e construíram suas vidas. “Com o passar dos anos, a região aqui foi crescendo e o pai acabou vendendo parte da propriedade para fazer loteamento. A área ali onde foi feito o estádio era dele também, então acredito que ele deve estar feliz com a homenagem”, finaliza Hermínio.

Texto: Waldiclei Barboza

Publicado na edição 1288 – 18/11/2021

Compartilhar
PUBLICIDADE