Quem nunca ouviu aquela velha lamentação sobre o mês de agosto? “Agosto é o mês do cachorro louco, tem um ano inteiro dentro dele, agosto é um mês pesado.” Essas crenças são repetidas há anos, muitas vezes sem que as pessoas reflitam sobre o significado espiritual do oitavo mês. Será que agosto é realmente o vilão do nosso calendário?
Nenhum mês traz azar por si só. Todos carregam em si oportunidades e desafios, alinhados de forma harmoniosa com nosso sistema solar, com as estações do ano e, claro, com as fases de nossa vida. E agosto, em particular, possui uma série de simbologias que nos oferecem importantes lições espirituais.
A primeira delas é o número 8. Na numerologia, o 8 é o número da realização, do sucesso, do dinheiro e da responsabilidade. Um dos desafios que agosto impõe é a cobrança interna. Aqueles que têm metas bem definidas podem começar a colher os frutos de seus esforços de forma abundante. Já quem se sente desconectado, seja no trabalho, nos relacionamentos ou na vida em geral, pode sentir uma tensão interna, como se fosse pressionado a buscar clareza e assumir suas responsabilidades. O número 8 nos impulsiona a ter propósitos claros. Vale lembrar que estamos em um ano 8 também (2024 = 2 + 0 + 2 + 4 = 8), o que amplifica ainda mais o desejo da humanidade de encontrar definição em seus objetivos.
A segunda simbologia relevante são as tradições espirituais cultivadas no Brasil em torno dos santos e orixás. Agosto é o mês de louvar e celebrar Obaluayê/Kavungo/Xapanã (Atotô), orixás/nkisses do panteão africano associados à regeneração das doenças, à terra, à cura e também à morte. Existe um ìtàn (narrativa) que conta que Obaluayê, filho de Nanã, nasceu com o corpo coberto de feridas. Após ser completamente curado, sua beleza foi restaurada e ele passou a usar palhas para não impactar os outros com seu poder. Desde então, Obaluayê é reverenciado, especialmente durante o mês de agosto, com a festa de Olubajé em diversas casas de candomblé. O maior símbolo desse orixá é a pipoca, oferecida nos cultos como forma de pedir transformação espiritual e proteção contra a morte.
Outro santo reverenciado em agosto é São Roque, do catolicismo, associado à cura de doenças, especialmente a peste. Seu dia oficial é 16 de agosto, e ele é invocado contra epidemias e doenças contagiosas. Roque, um francês que renunciou à riqueza para dedicar-se aos pobres no século XIV, peregrinou pela Europa, especialmente em Roma, onde, segundo a tradição católica, suas orações curavam. Por isso, a Igreja o reconheceu como santo.
A terceira influência poderosa em agosto é o signo de Leão, que predomina na maior parte do mês (23/07 – 22/08). Leão traz uma energia de autoaperfeiçoamento e valorização do “eu”. Este signo nos ensina a importância da valorização pessoal e da busca por destaque na vida, seja fisicamente, profissionalmente ou espiritualmente. Leão nos desperta para a liderança de nós mesmos, e quem não se atentar a essa responsabilidade pode se sentir angustiado sob sua influência.
Agosto pode não ser o vilão do calendário, mas certamente é um mês que balança qualquer um que esteja vivendo sem saber para onde vai ou com quem vai. Se o cachorro fica louco, eu não sei, mas uma coisa é certa: não podemos nos colocar na posição de vítimas do sistema ou de qualquer outra coisa. Agosto cobra responsabilidade e nos lembra que a terra é a última cama de pobres e ricos. Um agosto de reflexões para todos! Sigam-me no @tarodafortuna.
Edição n.º 1429.