Após intensas conversações e cinco dias de greve, o Complexo Industrial Fosfertil de Araucária e o Sindiquimica-PR concluíram as negociações para assinatura do Acordo Coletivo de Trabalho 2007/2008.

Na quarta-feira, dia 23, os funcionários realizaram duas assembléias para decidir se aceitavam as propostas feitas pela empresa. De acordo com o diretor do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Petroquímica do Estado do Paraná (Sindiquímica), Otênio Garcia de Lima, somando os presentes nas duas reuniões, participaram 170 funcionários. Desses, 82 votaram favoráveis à greve, três contrários e 86 se abstiveram.

“A votação comprova que os trabalhadores não estão felizes com o que empresa apresentou. Quem se absteve fez um voto de protesto, por não aceitar a situação, mas ter que voltar a trabalhar”, diz o diretor do Sindicato.

Segundo Otênio, eles decidiram voltar ao trabalho, pois a indústria está passando pela “parada” (momento em que as máquinas deixam de operar para realizar a sua manutenção). “A ‘parada’ vai durar cerca de 40 dias, e nós não teríamos fôlego para agüentar uma greve tão longa”, explica.

O diretor do Sindiquímica acusa a empresa de tentar burlar a greve, levando funcionários da Baixada Santista para trabalhar em Araucária. “Eles chegaram a contratar um helicóptero para levar alguns funcionários. Além disso, a empresa prefere pagar uma multa altíssima dada pelo juiz da Vara do Trabalho de Araucária, do que deixar de descontar os dias que nós ficamos em greve, cujo valor seria bem menor para a empresa. Com os gastos que eles tiveram para tentar acabar com o movimento, dava para conceder o aumento de salário que pedíamos”, diz Lima.

A empresa
Em nota divulgada para a imprensa, a Fosfertil afirma que “apesar dos prejuízos causados pela interrupção da produção, a maior preocupação da Fosfertil durante os dias de greve foi em relação à segurança – principalmente das pessoas que permaneceram na empresa, e também do meio ambiente e dos equipamentos da fábrica”.

De acordo com a empresa, essa situação foi contornada graças ao comprometimento de uma equipe que voluntariamente se revezou para fazer a parada das unidades de forma segura.

A Fosfertil nega qualquer prática antigreve e ressalta que sempre acreditou no diálogo e no fortalecimento do trabalho. A empresa diz que dedicou todo o empenho necessário para a conclusão do Acordo Coletivo 2007/2008 e agora voltará sua atenção para encerrar a parada técnica de manutenção de seu Complexo Industrial de Araucária.

Acordo
Os funcionários aceitaram o acordo firmado na sede da Procuradoria Regional do Trabalho, no dia 18 de janeiro. Com isso eles conseguiram um reajuste salarial de acordo com o índice da inflação e um aumento real de 1,97% no salário. Eles também receberão 50% do 13º no mês de janeiro de 2008, exclusão do banco de horas (todo pagamento de horas extras será feito em dinheiro), promoção daqueles que irão substituir os aposentados pelo menos 30 dias antes da pessoa sair do cargo, além da correção na tabela do auxílio farmácia e compra de material escolar.

“Também conseguimos implantar uma ajuda financeira a quem faz curso técnico ou faculdade. Demos passos muito importantes, porém eles não são o ideal ainda. Achamos que, pelo bom momento que a empresa vem passando, o aumento salarial poderia ser maior”, diz o diretor do Sindiquimica-Pr, Otênio Lima.