Nutrição e agricultura familiar

Facebook
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Email

Em missão oficial representando a Câmara Federal, participei no final do mês passado da II Conferência Internacional de Nutrição realizada pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação em parceria com a Organização Mundial da Saúde.

O evento reuniu em Roma representantes de mais de 170 países para discutir a nutrição e as formas de garantir a todos alimentos com os nutrientes necessários para uma vida saudável. Durante cinco dias, ouvi e debati com especialistas as soluções para revertermos as três consequências da nutrição inadequada: a fome, a falta de nutrientes e a obesidade.

Para termos uma ideia do tamanho do problema, dados apresentados pelos organizadores apontam que 805 milhões de pessoas passam fome e, destas, 51 milhões são crianças com até cinco anos. A desnutrição é a principal causa de morte entre 45% das crianças.

Diante destes números, o discurso do Papa Francisco, no evento, foi exemplar, por sua pureza e objetividade, e mostrou o seu engajamento na luta contra a fome e o desperdício de alimentos. “Há comida para todos, mas nem todos podem comer!” E eu acrescento: Os que podem estão consumindo alimentos de forma equivocada e de má qualidade, pois grande parte é produzida com degradação do meio ambiente e o uso abusivo de agrotóxicos. Quando juntamos a vida sedentária, temos o perfil das pessoas que estão sobrecarregando os sistemas públicos de saúde pelo mundo com doenças como diabetes, hipertensão e problemas cardíacos, entre outras patologias.

O Brasil já não faz parte do Mapa da Fome, segundo levantamento divulgado pela ONU este ano. O nosso desafio agora é outro. Além de continuar a estimular a produção de alimentos de qualidade, os governos Federal, Estaduais e as Prefeituras precisam valorizar a agricultura familiar, que hoje é responsável por aproximadamente 70% da produção consumida no país ocupando apenas 24,3% do território rural brasileiro. No Paraná, 517 mil das 560 mil propriedades do estado, ou 92,32%, são pequenas unidades produtivas.

Como representante do parlamento brasileiro, destaquei na conferência as dificuldades que nossos pequenos produtores rurais têm para comercializar sua produção, um nó que ainda precisa ser desatado pelo Poder Público. Melhorar as estradas rurais, disponibilizar secadores de grão e câmaras frias, auxiliar na formação de cooperativas ou associações de pequenos produtores, fornecer assistência técnica, comprar os alimentos produzidos localmente para a merenda das escolas e creches, são ações que Prefeituras podem e devem executar. É preciso agir localmente para mudar globalmente.

Texto: DEPUTADA FEDERAL ROSANE FERREIRA

Compartilhar
PUBLICIDADE