A história dos discípulos de Emaús é talvez uma das mais belas paginas descritas no evangelho de Lucas. Eles estavam caminhando de Jerusalém até o povoado de origem deles, Emaús, quando se aproxima deles um estranho que começa a conversar com eles. Claramente, o rosto deles demonstra um ar de frustração e de profunda decepção. O estranho percebe o olhar abatido de ambos e começa a fazer-lhes perguntas sobre o que estavam conversando pelo caminho. E eles lhe contam tudo aquilo que aconteceu com Jesus de Nazaré, um homem bom, que foi cruelmente morto pelos chefes dos judeus. O ‘estranho’ então ilumina essa realidade, com as Sagradas Escrituras e lhes diz que tudo isso deveria acontecer. A prosa estava tão boa que quando eles se deram conta já era noite quando chegaram em casa, e, pediram para que ‘aquele estranho’ entrasse em sua casa e ceasse com eles. Ele, tomando o pão, o abençoou, partiu e distribuiu entre eles e, então, seus olhos se abriram e reconheceram que era Jesus ressuscitado. Mas, misteriosamente, ele desapareceu e, os discípulos, movidos por uma profunda alegria, voltaram para Jerusalém e foram testemunhar junto aos demais apóstolos, que Jesus ressuscitou e se manifestou a eles no partir do pão.
Jesus ressuscitado, vencedor das trevas e da morte, está plenamente vivo entre nós, é o que nos garante a nossa fé. O seu espírito está presente em todos os lugares, mas, de modo especial, na eucaristia, fonte da vida cristã. Desde o início do cristianismo, os apóstolos e os primeiros cristãos se reuniam em comunidade, para, sobretudo, partilhar o pão. Jesus quis permanecer entre nós através do pão e do vinho, comida e bebida, alimentos da nossa fé cristã. A eucaristia é, para nós católicos, o ápice da nossa vida cristã. E mais do que isso, é ela que nos impulsiona e nos anima a sermos testemunhas vivos do amor de Cristo entre nós. Os discípulos de Emaús, após terem se alimentado do pão abençoado e partido por Jesus, voltaram a Jerusalém para testemunhar a sua fé no Cristo ressuscitado.
Na eucaristia Jesus se manifesta plenamente em nosso meio, pois ele mesmo disse: ‘eu sou o pão vivo descido do céu, quem comer desse pão viverá eternamente’. Muitos santos, no final de suas vidas, se alimentavam praticamente somente da eucaristia e de água. A eucaristia não é uma questão de devoção, mas, de compromisso de amor aos irmãos. Assim como os discípulos de Emaús, após termos comungado, voltamos para casa testemunhando o amor de Jesus em nossas vidas. Do contrário, a nossa comunhão pode ter sido apenas um rito ou uma simples devoção.
São Vicente de Paulo, se dirigiu a uma Filha da Caridade que tinha comungado e logo após estava servindo um pobre dizendo: ‘parabéns irmã, você comungou muito bem’. A eucaristia, quando recebida com o coração humilde, cheio de amor, naturalmente nos leva a amar os nossos irmãos. O Jesus que ali recebemos, nos conduz a Jesus que se encontra presente em cada irmão, sobretudo, naquele mais pobre e necessitado. Receber a eucaristia é renovar o nosso compromisso de amor, de caridade, e, de serviço aos irmãos. Ela é a fonte de nossa vida cristã, que nos conduz ao próximo, com o desejo sincero de amar e fazer somente e unicamente o bem. Que Jesus, presente na eucaristia, seja o nosso alimento espiritual manifestado no amor aos irmãos.
Edição n. 1359