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Policiais militares se solidarizam com situação de homem preso

Soldados Pedroso e Ramos felizes em poder ajudar a família do Michael
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Policiais militares se solidarizam com situação de homem preso
Soldados Pedroso e Ramos felizes em poder ajudar a família do Michael

 

Por trás da farda e do semblante sério, que muitas vezes a própria profissão exige, policiais militares de Araucária deram um exemplo de solidariedade ao fazer uma vaquinha entre os colegas da corporação para ajudar uma família carente do Jardim Israelense. Parece uma cena normal do cotidiano da Polícia Militar, mas quando se conhece os detalhes da história, é impossível não se emocionar. E começa assim: no domingo, 17 de junho, por volta das 15h26, os soldados Thiago Ramos e Valdecir Pedroso, da 2ª Cia da Polícia Militar de Araucária, atenderam uma ocorrência de furto na escola do CAIC. Um rapaz que conduzia um Palio prata foi pego em flagrante, carregando vários vergalhões de ferro, que havia acabado de furtar de uma construção. O autor, Michael Neves da Silva, de 35 anos, que no momento do crime estava acompanhado pela esposa e pelos dois filhos, um menino de três anos e uma menina de cinco, confessou aos policiais que decidiu roubar num momento de desespero, porque está desempregado há quatro meses, fazendo apenas alguns bicos que não lhe rendem muito, e precisava comprar alimentos para as crianças. Disse que na casa havia apenas um pouco de leite, algumas bolachas e legumes, nada mais. Já na delegacia, Michael pediu que os policiais fossem até sua casa para conferir que o que relatou era verdade.

Num voto de credibilidade, ainda na noite de domingo os policiais foram até a residência da família, e quando chegaram lá foram tomados pela emoção. “Quando a gente chegou, a esposa cozinhava um pouco de arroz em um fogão improvisado na parte externa da casa, e de fato quase não havia comida nos armários, além disso, as condições da residência eram bastante precárias. Fizemos um vídeo e jogamos num grupo de Whats­App da corporação, pedindo doações para ajudar aquela família. Em poucas horas conseguimos muitas doações. Retornamos lá na segunda-feira, o Michael já havia sido liberado, e entregamos alimentos, roupas, carnes, brinquedos, uma bicicleta para o garoto, entre outras coisas, e mais uma vez não deu pra segurar a emoção, em ver a alegria estampada no rosto daquela família, principalmente das crianças”, contou o soldado Pedroso, com os olhos já marejados.

Policiais militares se solidarizam com situação de homem preso

O soldado Ramos complementou as palavras do colega de farda e diz que os dois ficaram muito sensibilizados com a situação porque também possuem filhos e não conseguem imaginar eles passando por necessidades. “Recebemos elogios por ter ajudado a família, mas também críticas por dar tanta atenção a uma pessoa que cometeu um delito. Mas é importante lembrar que a polícia não serve só para prender bandidos, existe um lado humano em cada um dos policiais. O Michael foi liberado, mas vai pagar pelo crime que cometeu e temos a esperança de que isso tenha servido de exemplo para ele, além de uma oportunidade, pois muitas portas vão se abrir e a família, com certeza, receberá muito mais ajuda”, pontuou.

Arrependimento

Michael acredita que o que aconteceu com ele vai servir de lição para que nunca mais cometa nenhum tipo de delito. O que ele quer agora é apenas uma oportunidade de trabalho para que possa sustentar a família. Ele conta que agiu em um momento de desespero. Disse que um dia ao levar o filho à escola percebeu os ferros em uma construção próxima, então começou a matutar se poderia roubá-los, no intuito de vendê-los e comprar alimentos.

“Já fazia dois dias que eu praticamente não comia para deixar o pouco que tinha para os meus filhos. Então vim pra casa, fiz uma oração e decidi que não iria fazer isso, mas no exato momento minha filha chorava que queria um iogurte. Comecei a chorar e decidi roubar apenas o suficiente para comprar algo para eles comerem. Mas me dei mal, ou melhor, felizmente me dei mal, porque nunca mais quero repetir este erro. Acredito que tenha sido por Deus, que colocou aqueles dois policiais lá e fez eles acreditarem em mim. Como policiais e pais, eles se comprometeram em vir na minha casa. Só peço que Deus ilumine o caminho deles a cada dia. Serei eternamente grato pelo que fizeram pela minha família. Sei que terei que pagar pelo que fiz, aguardo a decisão do juiz, mas estou feliz em ter tido esta oportunidade, que pode mudar minha vida”, relatou.
Policiais militares se solidarizam com situação de homem preso

 

 

Fotos: Marco Charneski

Publicado na edição 1118 – 21/06/2018