A Estação Meteorológica Didático Escolar – Projeto EMEDE, do Colégio Estadual Professor Júlio Szymanski, existe desde outubro de 2023. Desde então, o professor de geografia Marcus Matozo tem registrado previsões do tempo com o auxílio de monitores, que são alunos voluntários do projeto. Antes de falar sobre a estação e seus resultados, Marcus explica alguns fatores sobre a chuva e o calor intenso que vêm atingindo Araucária nos últimos tempos. Segundo ele, a cidade enfrenta um período de temperaturas elevadas e tempo chuvoso, embora a maioria das chuvas registradas seja de fraca intensidade e localizadas em bairros específicos.
“Essa variação depende muito da vegetação do local e da intensidade dos ventos no dia. Uma localidade com mais vegetação tende a apresentar maior evaporação (as plantas evapotranspiram). Sendo assim, quanto mais vapor lançado no ar, maior será a formação de nuvens e, consequentemente, a quantidade de chuvas. Quando o vento é de baixa intensidade, essa chuva fica localizada logo acima da região onde foi formada. Contudo, se o vento for mais forte, ele poderá ‘carregar’ essas nuvens para um outro local, outro bairro ou até outra cidade”, explica.
Marcus esclarece que essas chuvas localizadas, conhecidas como “chuvas convectivas”, ocorrem com mais frequência no verão, devido às altas temperaturas e à umidade elevada do solo e da vegetação. Para identificá-las, é simples: basta observar o formato das nuvens no céu. Se a nuvem tiver um formato bem definido, permitindo imaginar figuras como animais, ou se for possível enxergar relâmpagos em seu interior, trata-se de uma chuva de verão, que costuma ser intensa e passageira.
Ele diz ainda que o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) classifica ondas de calor quando, por alguns dias, a temperatura fica 5°C acima da média normal para o período. “Em 2024, segundo o INMET, tivemos o ano mais quente desde 1961, com uma média de 25,02°C, superando 2023, que havia registrado 24,23°C. Seguindo essa tendência, 2025 poderá superar os 25,02°C do ano passado”, comenta.
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Projeto EMEDE
Os monitores responsáveis por operar a Estação Meteorológica do colégio utilizam um equipamento chamado ‘Pluviômetro’ para medir o volume das chuvas. Esse monitoramento ocorre em três momentos do dia: manhã, tarde e noite. Já a temperatura é medida pelo ‘Termo-Higrômetro’, um termômetro com dois bulbos: um seco e outro úmido. “Por meio dessas leituras, identificamos que o bulbo seco sempre registra uma temperatura maior do que o bulbo úmido (pois a umidade reduz a temperatura). Com a diferença entre as duas medições e com auxílio de uma tabela do INMET, conseguimos calcular a umidade relativa do ar no momento das leituras. No verão, a umidade relativa do ar sofre uma redução drástica no período da tarde. Temos registros de umidade em torno de 90% pela manhã, caindo para 50% à tarde. O índice mínimo ideal para o ser humano é cerca de 60%, por isso, sempre que identificamos baixos níveis de umidade, alertamos a escola para que todos aumentem a ingestão de água”, esclarece o professor.
Previsão do tempo
O professor Marcus lembra que a temperatura está acima da média neste mês de fevereiro. De acordo com o Atlas Climático, a temperatura média para essa época do ano deveria ficar entre 25°C e 26°C. No entanto, a Estação Meteorológica do Szymanski registrou uma média de 27,8°C até terça-feira (25/02). Já a precipitação acumulada até 25/02 foi de 71,5 mm, um volume bem abaixo da média prevista para fevereiro, que varia entre 140 e 160 mm.
Comparado ao mesmo período do ano passado, o professor ressalta que a principal diferença é a queda na precipitação. Conforme o monitoramento da estação, a temperatura média de 2024 foi de 27°C, enquanto a deste ano aumentou, como foi informando anteriormente. A precipitação do ano passado foi acima da média, chegando a 241 mm. Já no ano de 2025, a precipitação apresentou um número muito abaixo do que o esperado.
“É importante destacar que em 2024 estávamos sob influência de um Super El Niño, enquanto em 2025 estamos sob influência de uma La Niña enfraquecida. Ambos afetam o regime de chuvas e temperaturas no Brasil”, compara Marcus.
Ele também menciona que para os próximos dias, as temperaturas devem permanecer acima da média até a primeira quinzena de março. A partir desse período, espera-se um resfriamento gradual, considerando que o outono tem início na virada do dia 20 para 21 de março. “Ainda há possibilidade de chuvas expressivas que, como diria a canção de Tom Jobim de 1972: são as chuvas de março fechando o verão”, brinca o professor.
Para mais informações sobre a estação meteorológica, siga o Instagram @projetoemede.
Edição n.º 1454. Victória Malinowski.