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Tempos atrás quando meu orgulho exalava arrogância eu catalogava Deus conforme minha régua e observava inúmeras formas do Divino se manifestar entre nós mortais, e então divagava sobre alguns modelos, procurando não cutucar ego religioso de ninguém e assim atender o gosto de cada beato:

Como só deve haver um Deus para a Paz reinar, e cada homem difere um do outro, então cada um tem o direito de sentir Deus como quiser.

1- Quando somos pequeninos e ignoramos as coisas, há um Deus Imposto: não é espontâneo, nem fruto de nossas reflexões, depende inclusive de quem o impôs. É um Deus impostor e fruto do conhecimento de quem nos repassou esta imposição.
2- Quando somos religiosos, mesmo com a hipocrisia de cada um, Deus é Amor: o amor não é visível, mas o sujeito sente, e depois que ama não consegue viver sem este sentimento. É uma abstração passional, logo fruto de nossas emoções.
3- Quando somos preconceituosos, Deus é Deus: Fruto de um conceito já previamente concebido e abstrato, esta definição de Deus só atrapalha o desenvolvimento do ser humano no caminho espiritual, pois trava o seu desenvolvimento intelectual e o intelecto é a ferramenta do espirito de Deus para se manifestar. A Bíblia é antes de tudo uma obra do intelecto da percepção do Homem a serviço de Deus. Afinal ela por si só encerra a argumentação e não é autoexplicativa, é dogmática, e sabemos que a Bíblia salva o homem da sua natureza selvagem.
4- Quando somos racionais Deus é o não saber: Fruto da falta de uma explicação racional para a nossa existência como ser pensante e a procura de uma razão lógica que satisfaça a nossa existência. Nossos antepassados colocavam Deus em muitas coisas que não tinham explicação natural. Conforme fomos aprendendo, a Santa Bárbara Virgem das tempestades que minha mãe impunha, os para-raios do Benjamin Franklin desmistificaram a benção da Santa.
5- Hoje, após solavancos da vida fui impelido a buscar uma sobriedade mais profunda, quase uma serenidade dentro do meu autoconhecer e penso Deus como sentimento de espirito puro, possível dentro do processo de esvaziamento do ego, agindo humildemente em relação à humanidade em seus variados estágios diários, e sinto Deus no cotidiano das coisas simples, ora separando o material do espiritual, ora impregnando espiritual no material e observo que o mais importante não é o conceito que temos de Deus e sim a fé que carregamos dentro de nós, esta sim é fundamental para nossa sobrevivência em nossos abençoados dias, pois Deus está longe de ser carrasco, muito pelo contrário, ele nos deu discernimento de escolher nosso livre arbítrio, muitas vezes algozes de nós mesmos, e este é nosso maior presente, o Presente de viver Só Por Hoje.

Texto: EDILSON BUENO

Publicado na edição 1254 – 25/03/2021

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