O Papa Francisco, sem dúvida, é um homem vocacionado. Aos 21 anos, Jorge Bergoglio teve um forte chamado espiritual, que descreveu como um “momento de iluminação”, iniciando então uma linda jornada de fé e serviço. Mas e você? Sabe qual é a sua vocação? Já se permitiu segui-la?

A primeira vez que ouvi a palavra vocação foi na Igreja Católica, quando eu tinha por volta de treze anos. Era o início da minha formação religiosa — fiz a Primeira Eucaristia na Igreja Nossa Senhora das Graças e a Crisma na Igreja Nossa Senhora de Lourdes, em Campo Largo, Paraná. Naquele período, observava fascinado os padres e freiras durante as missas e me perguntava: “O que os levou a abdicar de tudo para estarem ali, com trajes tão característicos?”

— Vocação! — respondeu minha catequista.

Aquela resposta me marcou. Passei a esperar o momento em que Deus me revelaria minha missão: “Seja padre, seja professor, seja advogado…” — imaginava. Cheguei a sonhar, durante as novenas, com uma aparição de Maria Santíssima, como aconteceu com Santa Catarina Labouré. Visitei seminários franciscanos e diocesanos em Curitiba durante a adolescência, mas a revelação não veio da forma como eu esperava.

No caso do Papa Francisco, sua vocação floresceu nitidamente na vida sacerdotal. Mas sua grandeza vai além do cargo mais alto do Vaticano. Está em seu legado de amor aos pobres, na luta contra a intolerância religiosa, no incentivo ao diálogo entre diferentes crenças e na postura amorosa frente à comunidade LGBTQIAPN+. Francisco escolheu seguir mais de perto os passos de Cristo — um verdadeiro sinal de vocação.

Confesso que só compreendi o que é vocação fora das igrejas. Após oito anos na Igreja Católica e outros oito na Congregação Cristã no Brasil, percorri uma formação cristã sólida. Mas, em determinado momento, senti que precisava sair. Fiz isso de forma respeitosa, sem ferir normas ou tradições. Foi o começo da minha jornada em busca da minha verdade pessoal e espiritual.

Curiosamente, meu encontro vocacional aconteceu na ausência de templos. Posteriormente, encontrei significados profundos na filosofia espírita e nas religiões de matriz africana, nas quais também me iniciei. Ainda assim, não sentia ter encontrado minha verdadeira vocação — até que um dia, compreendi por completo uma frase essencial das Escrituras: “Ame ao próximo como a ti mesmo.”

O ponto central estava aí: amar a si mesmo. Descobri que a vocação nasce exatamente nesse lugar — no espaço onde você se sente verdadeiramente amado dentro da sua própria vida. Foi ali que encontrei o meu chamado. Só é possível contribuir de forma genuína com o mundo quando esse movimento vem de um lugar de amor por si. Por muito tempo, esperei uma bênção externa, quando o que me faltava era assumir meu próprio protagonismo.

Ser vocacionado é fazer uma escolha consciente, autêntica, que brota do coração. E é isso que transforma uma ação comum em serviço, sacerdócio ou missão. A vocação gera frutos, alegrias e recompensas naturais. No caso do Papa Francisco, seus feitos se tornaram memoráveis. E o mais bonito? A vocação não depende de crenças ou julgamentos. Pode estar na religião, no casamento, na defesa dos animais, no jornalismo… é simplesmente o lugar onde você brilha.

Quando finalmente encontramos nossa vocação e decidimos segui-la, parece que o Universo, Deus, os Orixás, todos agradecem. Tudo flui. O dinheiro circula melhor, os relacionamentos se tornam mais leves, e cada passo é dado em sincronia com um bem maior. Porque, nesse lugar — o seu lugar — o bem mais precioso, que é você mesmo, está amado.

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Edição n.º 1462.