Araucária deu, na última semana, um passo que vai além da política pública e avança, de fato, para o campo da transformação social. A abertura oficial do Banco Municipal de Alimentos não apenas ampliou o enfrentamento da insegurança alimentar, mas também reforçou o combate ao desperdício.

Três entidades do município receberam sua primeira entrega de hortaliças, frutas e verduras, transformando excedentes em cuidado. No ato simbólico – e concreto – de redistribuir alimentos, nasceu uma rede capaz de converter desperdício em dignidade e vulnerabilidade em esperança para centenas de famílias atendidas pelas associações locais.

O Banco Municipal de Alimentos, política pública essencial de Segurança Alimentar, nasceu com um propósito claro: coletar, organizar e distribuir alimentos ainda próprios para consumo, gratuitamente – enfrentando a fome com estratégia, sensibilidade e responsabilidade.

Na primeira remessa, três entidades que conhecem profundamente as urgências das famílias atendidas – a Comunidade Terapêutica Kairós, a Associação de Moradores do Jardim Solimões e a Associação de Moradores do Estação – receberam alimentos que, antes destinados ao descarte, encontraram um novo caminho. Abobrinha, repolho, melancia, tomate, brócolis, alface. Itens simples para uns; para outras famílias, a garantia de uma refeição que talvez não viesse – ou que não fosse tão nutritiva quanto deveria ser.

A parceria com a Ceasa transforma produtos fora do padrão comercial em oportunidade de cuidado. O que antes permanecia em caixas agora cruza a cidade para virar sopa, salada, refogado – ou ser levado para casa por famílias, para que preparem suas próprias refeições. Uma mudança discreta na rota dos alimentos, mas enorme para quem os recebe.

Na Associação Estação, que há mais de uma década acompanha idosos e famílias da comunidade, esse apoio chega como fôlego renovado. Como continuidade. Como a certeza de que o trabalho incansável da SMAS e de parceiros faz todo sentido.

Com entregas semanais previstas e 23 entidades já inscritas, o Banco Municipal de Alimentos amplia o alcance de uma rede de proteção que não se constrói sozinha.

Combater a fome exige união, persistência e compromisso – do poder público, das instituições sociais e de todos os parceiros que compreendem que a fome é, talvez, a face mais cruel da desigualdade, mas também a mais urgente de enfrentar. E, quando cada instituição faz a sua parte, o que nasce é mais do que uma política pública: é a certeza de que a dignidade se constrói, todos os dias, com gestos que alimentam, o prato e a vida.

Edição n.º 1492.