A família é tão importante e decisiva na vida de uma pessoa, que o próprio Filho de Deus quis nascer num seio familiar. Foi ali, na relação com seus pais, Maria e José, que ele aprendeu os fundamentos da educação para a vida. Soube ser obediente aos seus ensinamentos, característica fundamental para um crescimento saudável e harmonioso. Graças a este seu comportamento, ele cresceu em idade, mas, sobretudo, em sabedoria e graça diante de Deus. A obediência aprimora o caráter humano, pois faz com que o filho molde seus instintos, seus desejos, e cresça cercado com ternura, mas, também, com firmeza. Ele vai aprender que não pode tudo o que ele quer, pois a vida lhe reserva podas e limites.
Na família se aprendem os valores básicos e essenciais, que vão nortear o seu comportamento ao longo de toda sua história. Num lar onde os princípios do respeito, do perdão, da valorização do outro, da partilha, vão sendo acrescidos ao caráter do ser humano, com certeza, serão decisivos para uma vida harmoniosa e equilibrada. Pelo contrário, onde tudo é permitido, em nome de uma falsa liberdade, com medo de traumas, poderá levar esta criança, num futuro próximo, para a ruína. Amar não significa deixar com que o filho faça tudo o que quer, mas apontar o caminho certo, mesmo que em dores e sofrimentos.
Os pais são decisivos para o desenvolvimento saudável do seu filho. São os educadores que mostram a direção a seguir, impondo limites e, por vezes, frustrações ás vontades do filho. Numa educação priva desse elemento fundamental, poderá acarretar grandes danos no futuro adulto, que não saberá aceitar as perdas e as derrotas da vida. É preciso educar o filho a partir das suas necessidades, e não a partir das suas vontades. Nem tudo o que se deseja é necessário, e isto é determinante para uma boa educação. Hoje, mais do que querer em tudo responder às vontades, geralmente desnecessárias, criam-se vontades artificias, e nada satisfaz completamente. Existe, isto sim, um vazio interior, difícil de ser reparado.
Educar o filho para a responsabilidade, para o compromisso, faz toda a diferença no seu processo de desenvolvimento. Desde a sua mais tenra idade, é fundamental responsabilizá-lo por suas coisas pessoais, para que saiba cuidá-las e zelá-las. Quando os pais fazem tudo pelo filho, tirando dele a responsabilidade, pode estar criando pequenos monstros, que sempre exigem mais e mais, e nunca parecem estar satisfeitos. Ali entram novamente os limites, tão essenciais, e tantas vezes esquecidos e ignorados na educação atual. As atuais mesadas podem ser muito negativas, pois o filho poderá fazer tudo esperando uma troca, e não na gratuidade. Meu pai nos educou a primeiro limparmos a nossa roça, sem recebermos nenhuma recompensa por isso. Só depois, podíamos trabalhar por dia nos vizinhos, para ganharmos o nosso dinheirinho. Isto marcou para sempre a minha vida.
A educação deve primar pelo equilíbrio entre a ternura e a firmeza. Quando se prioriza e valoriza demais uma delas, sempre aparecerão graves problemas de comportamento no futuro. Insistir demais na ternura poderá criar filhos muito folgados, sem compromissos e sem atitudes responsáveis; pelo contrário, primar somente pela firmeza, poderá desenvolver a vontade, mas criar pessoas amargas, duras, frias e insensíveis. O equilíbrio torna-se essencial, o que nem sempre é fácil de averiguar com clareza. No fundo, a intenção verdadeira assume um valor muito grande, no sentido de querer realmente o bem do filho. Na verdade, nada, nem escola, nem comunidade, poderá substituir o papel decisivo e fundamental dos pais.