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Encontramos em Levítico 19,2 o apelo para a santidade. “O Senhor disse a Moisés: Dirás a toda a assembleia de Israel o seguinte: Sede santos, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo”. Este texto nos mostra claramente o grande apelo do próprio Deus, para que cada um de nós busque diariamente, viver a santidade. Mas o que significa ser santo? Seria algo do outro mundo, distante da nossa realidade? Seria um privilégio para alguns escolhidos pelo Senhor? Está ligado com as coisas do alto, ignorando as realidades deste mundo?

Não! A santidade está ao alcance de todos, implicitamente ligada com o nosso cotidiano. Ela se manifesta no jeito diário de ser, no modo de conduzir a vida, de se relacionar com as pessoas, na família, no trabalho, na comunidade, enfim, onde você estiver seu comportamento deve ser de um santo. Não é algo de outro mundo, muito pelo contrário, somos chamados à santidade dentro deste mundo concreto, com seus problemas, alegrias, dificuldades, lutas, derrotas, vitórias, enfim, daquilo que faz parte contínua da nossa existência. No fundo, é buscar viver do jeito que Jesus viveu e se configurar a ele, através de palavras, gestos e ações.

A santidade passa pelo amor aos irmãos, na busca contínua de fazer o bem, de não se deixar levar por mentiras, fofocas, agressões, calúnias, vaidades. Quem age assim, desprezando o próximo, espalhando o ódio por onde passa, mesmo que frequente a igreja, reze continuamente, simplesmente não entendeu o que é ser santo. Não são os ritualismos que nos salvam, mas, concretamente, os nossos gestos diários de amor gratuito, verdadeiro e sincero em prol do irmão. Sobretudo, daquele mais carente e necessitado. É o nosso comportamento que determina a nossa santidade ou não.

O caminho da santidade se reflete na caridade, na solidariedade com os que mais sofrem, vivendo a compaixão e a misericórdia. É um caminho, porque durante toda a nossa vida, deveremos viver de acordo com as propostas do evangelho. É a boa nova de Jesus que nos orienta e aponta qual deve ser o nosso jeito de viver. Jesus passou pela vida fazendo o bem, resgatando vidas perdidas, indo ao encontro dos pecadores, curando os doentes, expulsando os espíritos maus, se colocando claramente ao lado dos pobres e excluídos da sua época. Não seguir esta dinâmica de vida, é negar o evangelho e, no fundo, é negar o próprio Jesus. Palavras bonitas não são sinais de santidade e, nem longas horas de oração, se elas não nos conduzirem a um amor concreto ao irmão, sobretudo, ao mais sofredor.

Todos nós, a exemplo do povo de Israel, somos chamados a sermos santos. Somos pecadores, limitados, humanos, e, tantas vezes nos afastamos do caminho da santidade. O instinto do mal, do ódio, que está dentro de cada um de nós, e que tantas vezes se manifesta de modo violento, nos distancia da santidade. Pelo contrário, todas as vezes que optamos, decidimos e agimos movidos pelo amor, pela bondade, justiça, compaixão, misericórdia, podemos dizer que estamos nos santificando.

Não tenhamos medo de ser santos, e, isso quer dizer, não tenhamos medo de amar, de se doar, de fazer o bem, de ajudar quem precisa, evitando todo tipo de maldade, de ódio, de agressão. Passemos pelo mundo sendo construtores da paz, da esperança, de um mundo melhor. Nunca nos cansemos de fazer o bem. Isso quer dizer, estar no caminho da santidade.

Publicado na edição 1187 – 31/10/2019

O caminho da santidade

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