O dia a dia de uma pessoa que tem necessidades especiais já é normalmente desafiador, porém contando com a compreensão e auxilio da sociedade, muitos dos obstáculos enfrentados podem ser facilmente ultrapassados. Mas nem sempre existem pessoas dispostas a ajudar. Um jovem araucariense, morador do bairro Capela Velha, vem passando por problemas ao tentar utilizar duas linhas do Sistema de Transporte Integrado de Araucária (TRIAR).
Segundo o relato da mãe do garoto, o mesmo tem paralisia cerebral e faz uso de muletas para se locomover. “Ele vai para Curitiba frequentemente, pois pratica Jiu Jitsu. Como eu trabalho, ele vai sozinho e sempre pega as linhas Califórnia CSU ou o Linha 04”, explica a responsável. O problema da família é no terminal Vila Angélica, quando o jovem está retornando para casa, isso por volta das 17h45, o motorista do Linha 04 se recusa a baixar a plataforma da porta traseira para o garoto poder embarcar, usando a desculpa de que está atrasado, obrigando-o a esperar o próximo ônibus.
“Há alguns dias vinha notando o atraso dele e o cansaço, mas quando a gente perguntava, ele desconversava falando que era o treino. Meu filho me contou, depois de muita insistência, que o motorista não acionava o elevador para ele subir. Disse até que aconteceu de ele ver o motorista conversando com os amigos e quando deu a hora de sair, usou a mesma desculpa do atraso”, desabafa a mãe. Em função da condição do garoto, sua movimentação é limitada, por isso precisa usar os elevadores instalados nas frotas do Triar. “Assim como ele, outras pessoas que têm dificuldades ainda mais severas que a dele podem se calar para evitar problemas, por medo de serem repreendidos, mesmo brigando pelo direito de ir e vir”, completa a mãe.
Em resposta ao caso, a Superintendência do Transporte Coletivo de Araucária diz ter informado o encarregado do Triar sobre o ocorrido e que o mesmo já advertiu toda a equipe. “Nós já havíamos orientado sobre essa questão outras vezes, mas tem uns que insistem em não entender”, afirma Wilmer Jacó da Silva. Ainda segundo o superintendente, o responsável pelo Triar deverá ter uma conversa individual com cada motorista, buscando entender a situação e encontrar quem é o trabalhador citado pela família.
Texto: Maurenn Bernardo
Publicado na edição 1249 – 18/02/2021