A velha mania do “para todos”

Facebook
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Email

Como muitos dos que me lêem agora devem saber, a Prefeitura de Araucária – já há alguns meses – prepara uma licitação para adquirir materiais escolares e uniformes para todos os estudantes da rede municipal de ensino. Exatamente: para todos! Uma licitação desta monta custará milhões de reais aos cofres públicos e – creio eu – não trará resultado significativo àquilo que realmente falta à Educação de nossa cidade: qualidade!

E é justamente por não vislumbrar à melhora da qualidade de ensino oferecida em nossas escolas municipais que considero essa ideia de distribuir kits escolares e uniformes a todos os alunos de uma inutilidade tão grande quanto aquela do governo passado de comprar mini-notebooks aos mesmos “todos” estudantes.

Assim como nossos mais de vinte mil alunos não precisavam de mini-notebooks, a grande maioria não precisa de material e uniforme escolar subsidiado com dinheiro público. Arrisco a dizer que boa parte dos pais araucarienses tem condições de mandar fazer o uniforme para seus filhos naquela costureira de confiança e, do mesmo modo, ir à papelaria com a listinha fornecida pelas escolas para comprar, entre outras coisas, os cadernos e canetas. Penso até que o ritual de comprar o material escolar é uma das coisas mais mágicas da relação familiar naqueles dias que antecedem o início das aulas.

Sempre que vejo esses projetos de governo mais comprometidos com o resultado eleitoreiro que ele vai proporcionar do que qualquer outra coisa, meu estômago embrulha. E embrulha ainda mais quando o discurso do “para todos” vem acompanhado com a lamentação quase que diária de que a cidade está sem dinheiro, há beira de um colapso financeiro. Somos como aquela família que sempre foi milionária, perdeu tudo, mas insiste em querer viver como se rica ainda fosse.

Convenhamos, prezados leitores, é uma idiotice sem tamanho desperdiçar o suado dinheiro do povo araucariense com a compra de milhares de kits e uniformes escolares, distribuindo-os sem qualquer critério a todos os alunos da rede municipal de ensino. Sabemos que os pais que têm condições de arcar com essas despesas, e estamos falando da grande maioria, continuarão a ir à papelaria para comprar o caderno e a caneta do modelo escolhido por seus filhos. E o mesmo acontecerá com relação ao uniforme, ainda mais em tempos que se tornou moda customizar a calça, camiseta e moletom, confeccionando-o mais justo ou mais largo, dependendo do estilo de cada um. Logo, o que veremos é o kit e o uniforme pago com o nosso dinheiro sendo deixado de lado por aqueles que não precisam e, aliás, não pediram essa “ajuda” da Prefeitura.

Resumindo a história toda, o que a Prefeitura deveria fazer é garantir que todos aqueles estudantes que realmente precisam do subsídio público para ter uniforme e material para frequentar a escola o tivessem. E isso se faz analisando a situação sócio-econômica da família do aluno. Simples assim. Por sua vez, todo o resto do dinheiro e do tempo que iria sobrar se fizéssemos as coisas da maneira certa, deveria ser investido – repito – naquilo que realmente está faltando em nossas instituições de ensino: qualidade!

Boa semana a todos. Comentários são bem vindos!

Compartilhar
PUBLICIDADE