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Fachada do Cine Líder de Otávio Galize. 04.02.1974
Ainda sobre os encantos do cinema em Araucária
Fachada do Cine Líder de Otávio Galize. 04.02.1974

 

Todas as famílias iam. Levavam crianças, tudo. Aí o seu Carlos Hasselmann, cena que estavam passando ele ia lá em cima, que tinha galeria em volta, assim, então ele jogava punhados de bala (…), quando terminava aquela parte acendia a luz, era só gente a catar bala no meio das cadeiras. As crianças principalmente (…) . Naquele tempo tinha muito operário que trabalhava nas serrarias, então sábado à noite e domingo fazia matinê (…) [passava] muito faroeste e os filmes do Carlitos. Do faroeste eu me lembro do Tom Mix e do Buck Jones. Ah! Eu chorava para o papai me dar duzentos réis para eu ir à matinê ver meus ídolos (…) PINTO, Reinaldo Alves. In : Araucária, Prefeitura Municipal. Os espaços de lazer em Araucária : [s.n], 2ª edição. 2001.

Dos relatos sobre o cinema, um dos aspectos que mais chama a atenção é a relação amistosa do público com essa nova forma de diversão e lazer. São relatos que reafirmam o sentimento de que a população de Araucária adentrava a modernidade nesse novo espaço de convivência e diversão que acolhia pessoas de todas as faixas etárias e classes sociais. Novos ídolos, novas realidades e um novo mundo de possibilidades estavam à disposição de quem se rendesse aos encantos da sétima arte.

Nesse ritmo, o cinema foi crescendo e se adaptando à realidade local. Na década de 1940, quando o Sr. Otávio Galize assumiu o negócio, as sessões ocorriam tanto no prédio atrás da Igreja como em outras localidades, para onde os filmes eram levados.

No aparelho de 16 mm, o meu sogro o Seu Otávio Galize, ele exibia filme em Contenda, em Guajuvira e na então Coudelaria Tindiquera, que hoje é área da Petrobras. Então isso era uma vez por semana. Se locomovia com o carrinho dele. Ia lá, passava os filmes porque a máquina era portátil, 16 mm, podia exibir em qualquer lugar. (ABUD, Jorge. In : Entrevista concedida à TV Araucária, 2011).

No final da década de 1950, Otávio Galize construiu um prédio novo na área central em terreno comprado da Companhia São Patrício. As novas instalações eram modernas contando com cinemascope, tela panorâmica e aparelho importado de 35 mm. Para a época a iniciativa foi considerada arrojada, tendo o novo Cine Líder capacidade de público aumentada para 500 lugares. O primeiro filme exibido no novo prédio foi “Da Terra Nascem os Homens”, em dezembro de 1959. As sessões de início ocorriam aos sábados e domingos sendo depois ampliadas para as quintas-feiras.

Excepcionalmente aos sábados se passava filmes reservando o espaço para a colônia japonesa. (…)“A única solução que nós tínhamos era que nós tínhamos um trator, sabe? Então, para começar, nós ajuntávamos assim cinco, seis rapaziada e as moças também junto, inclusive, e nós íamos para a cidade assistir cinema.”(…) (NAMIKATA, Toshio. Entrevista concedida a Roseli Boschilia, 1990). Nas sextas-feiras da Paixão também era de costume exibir o filme “Paixão de Cristo”. A propaganda do cinema era feita com cartazes, folhetos e também com carro de som.

Em 1978 Otávio Galize passou a direção para seu neto George, que manteve o cinema funcionando até 12 de agosto de 1986, quando ocorreu a redução de público, principalmente devido ao aumento de acesso aos aparelhos de televisão nos lares.

Texto: Cristiane Perretto e Luciane Czelusniak Obrzut Ono

Publicado na edição 1132 – 27/09/18

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