Araucária questiona o projeto inicial da CPL
A primeira audiência pública feita pela empresa foi no município de Sarandi, onde ficará a sede da CPLAraucária questiona o projeto inicial da CPL
A Avenida dos Pinheirais seria um trajeto alternativo para os dutos

A construção de uma grande empresa é uma decisão muito importante para uma cidade, e precisa ser bem estudada. É necessário ouvir o poder público, o órgão ambiental, os moradores da região, as entidades e representantes da sociedade civil para saber quais os efeitos negativos que sua construção pode causar ao meio ambiente e a própria população.

É nesse sentido que a vinda da Central Paranaense Logística (CPL), que planeja implantar um poliduto (forma mais usual de transporte de fluidos a longa distância) que ligaria a região de Maringá (iniciando em Sarandi) até Paranaguá, no litoral do estado do Paraná, passando por 23 municípios, inclusive Araucária, está trazendo preocupação.

O problema é que em Araucária, conforme o projeto inicial apresentado pela empresa, o traçado vai impactar vários bairros da região do Capela Velha, principalmente a comunidade do Jardim Arvoredo, podendo criar um grande problema social. Outra questão polêmica é que a empresa, ao executar o traçado do poliduto, teria contrariado as diretrizes do Plano Municipal do Plano Diretor.

Mas as dúvidas com relação à vinda da CPL para a cidade não acabam por aí. O fato de a empresa já ter feito todas as audiências públicas exigidas pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) – num total de cinco – nas cidades de Sarandi, Reserva, Ponta grossa, São José dos Pinhais e Paranaguá, excluindo Araucária, também tem levantado dúvidas.

O vereador Paulo Horácio, que presidia a Companhia de Desenvolvimento de Araucária (Codar) na época em que iniciaram os primeiros estudos sobre a vinda da empresa para a cidade, comentou que o fato de os dutos passarem por comunidades como o Jardim Arvoredo, Portelinha e um trecho do Jardim Industrial, vai causar um impacto social muito grande, pois envolve muitas casas. “Este foi um dos fatores que motivaram a Prefeitura na ocasião da apresentação do projeto, a não dar anuência para a CPL e solicitar um novo projeto. No entanto, a empresa parece ter ignorado o fato, tanto que realizou diversas audiências públicas, e nenhuma delas aqui em Araucária. Nós vamos exigir está audiência aqui para que a empresa mostre os impactos que serão provocados, sejam ambientais ou sociais”, criticou.

O diretor geral da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Elias Kasecker Junior, compartilha da mesma opinião do vereador e diz que a empresa, até o momento, apresentou poucos documentos e não manifestou interesse em realizar audiência pública em Araucária. “Nós participamos da audiência que eles fizeram em São José dos Pinhais, inclusive levantamos vários questionamentos, mas ainda não fomos respondidos. Enquanto isso, a documentação na Prefeitura está parada. Eles terão que apresentar o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) e também, de acordo com a lei, três alternativas de traçado por onde vão passar os dutos. Sem isso, não podemos dar anuência, e a CPL, não poderá dar mais nenhum passo para sua instalação”, explicou Kasecker.

Ele disse ainda que a audiência pública precisa acontecer, pois a população, mesmo que não compareça no dia marcado, precisa estar ciente da questão.

Sem licenças
A reportagem do Jornal O Popular entrou em contato com a IAP para saber se a CPL está com todas as licenças ambientais (licença prévia para aprovação do projeto, licença para instalação e inicio das obras e licença para operação e inicio das atividades) em dia. Conforme o Instituto, a empresa, apesar de ter feito todas as audiências públicas exigidas, ainda está respondendo aos questionamentos levantados e, por isso, não obteve nenhuma licença. “Eles estão dentro do prazo legal, mas ainda é preciso aguardar para ver se o Ministério Público vai solicitar mais alguma audiência. Só então o IAP vai analisar tudo pra emitir ou não a licença prévia. Também é preciso aguardar a definição do traçado por onde vão passar os dutos e as desapropriações das áreas que serão atingidas”, explicou a assessoria de imprensa do IAP.

A reportagem do Jornal O Popular entrou em contato com a gerência de projetos da CPA (uma trading criada pelos produtores de álcool), que é sócia da Central Paranaense Logística para saber mais a respeito da instalação do poliduto. Os diversos contatos mantidos com a empresa foram via telefone e via e-mail, mas até o fechamento desta edição, não obtivemos resposta.

Sobre a Central Paranaense Logística
A Central Paranaense Logística (CPL) é uma empresa formada por empresários do setor alcooleiro, que pretendem criar um poliduto de biodiesel que ligará o município de Sarandi até Paranaguá, e que passará pelas cidades de Maringá, Apucarana, Ponta Grossa, Araucária e Paranaguá, entre outras. O poliduto terá capacidade para transportar 4 bilhões de litros de combustíveis por ano e os custos envolvidos para a construção estão estimados em R$ 1.000.000,00 (um bilhão de reais), que serão financiados pela iniciativa privada, mas a contrapartida pública será indispensável, já que será necessária a desapropriação de áreas na faixa por onde correrá o traçado. A previsão da CPL é que o projeto fique pronto entre 2014 e 2015.

A tubulação, de aproximadamente 500 km de comprimento, transportará líquidos, em especial álcool. Conforme o Estudo de Impacto Ambiental da empresa, os tubos de aço serão enterrados no solo.