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Atleta araucariense já jogou contra o Neymar
Adriano começou a treinar em um projeto coordenado pelo senhor Alvadi, conhecido na época como “Seu Dídio”Atleta araucariense já jogou contra o Neymar
O jogador passou cinco anos jogando no Naviraiense, onde enfrentou o Santos na Copa do Brasil

Além de trabalhar e atender sua família, o senhor Alvadi de Alcântara, de 53 anos, sempre pensou em beneficiar sua comunidade. Para isso, decidiu unir o esporte à cidadania e inaugurou uma escolinha de futebol gratuita no bairro do Jatobá na década de 1990. “Minha intenção era fazer um trabalho diferente com as crianças para mantê-las longe das ruas”, recorda o aposentado.

No entanto, ele precisava cuidar, sozinho, dos alunos. “Era difícil, e eu tinha que usar a rédea curta para manter as crianças na linha. Elas não podiam xingar e, se brigassem durante o jogo, ficavam alguns minutos fora do treino”, afirma o técnico que, na época, era conhecido como “Seu Dídio”. Além disso, os pequenos precisavam manter uma boa postura na escola para permanecer no projeto. “A maioria deles estudava aqui no bairro, então eu passava no colégio para perguntar a respeito das notas e do comportamento deles”, recorda o treinador que, algumas vezes, nem precisava ter esse trabalho para descobrir se alguém havia pisado na bola. “Eles sabiam que eu era exigente, então deduravam os outros que haviam brigado ou ido mal nas provas”, conta Alvadi, que ouvia as explicações da criançada e fazia de tudo para orientá-las.

Mesmo com tantas regras, o projeto continuava crescendo, e chegou a contar com mais de 80 crianças. “Era bastante gente, mas todos tinham a oportunidade de entrar em campo e alguns ainda se destacavam”, recorda. Um desses destaques era o pequeno Adriano Neves Pereira que, depois de bater muita bola com o pai, foi convidado a ingressar no projeto. “Eu comecei a jogar em 1999 com diversos garotos da região. Foi minha primeira oportunidade”, agradece o rapaz que, hoje, é conhecido profissionalmente como Adriano Chuva.

Segundo ele, o que aprendeu no projeto o ajudou a ingressar no time de Araucária e abriu as portas para que ele aparecesse na “lista secreta” de muitos olheiros. “Em 2006, fui indicado pra fazer um teste num time de empresários de Campo Largo. Eu fui, passei, e disputei o Paranaense de Juniores por eles”, conta.

Profissionalismo
A partir daí, outras chances apareceram e logo chegou o momento de se profissionalizar. “Enquanto eu estava treinando em Campo Largo, chegou um empresário dizendo que tinha um negócio pra mim no operário de Ponta Grossa, então eu disse que iria com uma condição: eles tinham que me profissionalizar”, recorda o jogador.

A proposta foi aceita, e Adriano disputou o Campeonato Paranaense pelo novo time. “Só que eu não fui bem aproveitado por eles, e acabei recebendo um convite de jogar no Clube Esportivo Naviraiense, no Mato Grosso do Sul”.

Lá, o rapaz foi bem acolhido pelos sul-mato-grossenses e viveu momentos emocionantes de sua carreira. “Em 2010, por exemplo, eu joguei a Copa do Brasil contra o Santos e pude conhecer o Robinho, o Neymar, o André e outros craques”, comemora o jogador, que permaneceu no Naviraiense por cinco anos.

Depois de deixar o time, o jovem passou alguns dias em Araucária visitando a família e viajou para Santa Catarina na última quinta-feira, 18 de julho. Lá, ele disputa a Série D do Brasileiro e a 2ª Divisão do Catarinense pelo Clube Marcílio Dias. “Futebol é uma questão de oportunidade. Por isso, dou muito valor aos treinos que tive aqui no bairro quando eu ainda brincava de jogar bola. A partir dali, eu pude começar a jogar bola mesmo e aproveitei todas as portas que o futebol abriu pra mim”, finaliza.

Só por curiosidade
Hoje, o projeto iniciado pelo “Seu Dídio” é administrado pelo time Veteranos do Jatobá, e é conhecido como “De Olho no Futuro”. Além disso, o senhor Alvadi garante que dali saíram outros jogadores profissionais e diversos atletas que competem na Primeira Divisão de Amadores de Araucária.
 

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