Briga de vizinhas O fim da história

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Já começo a coluna me desculpando com o leitor: desculpe-me, leitor. Na semana passada dois casos me vieram à mente na hora de escrever e, na ânsia de relatar ambos, acabei não contando nada. Garanto, porém, que não foi de propósito que deixei para terminar a história somente agora, foi apenas um erro honesto e repleto de boas intenções.

O primeiro caso era o do rapaz que precisava juntar alguns itens para fazer o que é popularmente conhecido como macumba. Como não sei o termo científico, vou usar este mesmo. O rapaz foi atrás de tudo o que era necessário para esta obra de engenharia mística, mas existe uma dificuldade técnica que quem não é do ramo não sabe: é difícil encontrar galinha preta, pelo menos em Araucária. Ou pelo menos naquela ocasião foi difícil.

Depois de mais de uma semana rodando atrás da galinha preta e não encontrando, ele tomou a decisão de enganar o santo: comprou uma galinha branca e resolveu que ia pintar a galinha. Assim começa a história do rapaz que decidiu enganar o santo. Prometo ao leitor que na próxima semana eu termino de contar o que houve.

Porque sei que você está mais interessado em saber como termina a briga de vizinhas, essa sim, uma história pela qual certamente quase todo mundo já passou.

Pois bem, se não me engano eu parei na parte que em que a moça do apartamento de baixo, brava com a vizinha de cima por causa do gritos, estava com o pescoço para fora de sua própria janela, gritando para cima diversos impropérios com a intenção de ferir moralmente a vizinha. Eis meu segundo ou terceiro erro: que tipo de cronista desalmado deixa uma personagem com o pescoço para fora da janela por uma semana, ao relento, gritando?

Seria de se esperar que a vizinha de cima já abrisse a janela (ou a porta de sua casa) com uma vassoura na mão pronta para figurar na capa deste nobre jornal como uma personagem não de crônica, mas da página policial. Porém, e a vida quando resolve ser surpreendente ela o é com vontade (perdão), sua atitude foi muito diferente.

Calmamente colocou a cabeça para fora da janela e, em resposta à moça que gritava e agora passa a mão no pescoço para diminuir a dor do torcicolo que causei a ela, disse, gentilmente, que os gritos que nossa personagem inicialmente ouvira não eram dirigidos a ela. A moça de cima estava apenas educando seu filho, ironicamente o mesmo filho que era acusado pela vizinha de baixo de ter pouca educação.

Foi quando desceu pela garganta da moradora de baixo aquele amargor que só quem já cometeu um vacilo muito grande já sentiu, o amargor de ter sido injusto com alguém, e pior, aliado à extrema vergonha de estar perdendo a linha na gritaria com alguém que respondia de forma tão polida e gentil.

Sei que o leitor será paciente e saberá perdoar: o espaço novamente acabou antes da história.

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