Câmara já gastou R$ 150 mil em viagens Brasil afora

Desde que assumiu o comando da Câmara Municipal de Araucária, o vereador Pedro Gilmar Nogueira (PTN) promoveu importantes avanços no Poder Legislativo local, como a melhoria do portal da transparência, a revisão de alguns contratos e a realização de um aguardado concurso público. Infelizmente, no entanto, nem tudo são flores na atual administração.

Se, por um lado, economias estão feitas, por outro, o comando da Casa parece ter liberado geral no que diz respeito ao custeio de cursos para vereadores e funcionários comissionados e efetivos da Câmara. Tanto é que desde o início deste já foi gasto com esse tipo de serviço algo em torno de R$ 160 mil, entre pagamentos de diárias, inscrições, passagens e hospedagens de servidores durante esses treinamentos.

Também merece serem ressaltados os destinos para os quais os funcionários da Câmara estão sendo mandados para se aperfeiçoar. São locais muito mais propícios a curtir férias ou mesmo a lua de mel com a pessoa amada. Estão na lista das cidades preferidas por aqueles que vão fazer cursos pagos com dinheiro público: Natal, no Rio Grande Norte; Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Florianópolis, Porto Seguro, Fortaleza e Foz do Iguaçu, lugares onde o sol brilha forte e a paisagem deve – sem dúvida – facilitar a apropriação do conhecimento.

Transparência
Uma rápida consulta ao portal da transparência da Câmara, por exemplo, mostra que só em 2013 foram gastos cerca de R$ 96 mil em diárias a servidores e vereadores. Esse dinheiro é depositado na conta dos beneficiários e serve para o pagamento daquelas despesas de pronto pagamento durante as viagens, como táxis, alimentação e outras. Neste quesito, quem mais recebeu diárias durante seus passeios a trabalho foi o vereador Vanderlei Cabeleireiro, que teve R$ 7.980,00 depositados em sua conta (veja tabela abaixo).

Ainda conforme consta no portal, só em passagens, de janeiro a outubro, a Câmara já gastou R$ 45 mil e no pagamento de inscrições de servidores e vereadores em cursos outros R$ 17 mil.

Sobre o assunto, a presidência da Câmara informou que nem todos os R$ 159 mil foram gastos com o custeio de cursos. Em alguns casos, as despesas com passagens e pagamento de diárias se referem a viagens feitas por vereadores e assessores para conhecer experiências de outras cidades que podem ser aplicadas aqui em prol da comunidade. Recentemente, por exemplo, a Câmara custeou a ida da vereadora Adriana Cocci (PTN) e de seu assessor Emerson Santos a Brasília, para um encontro com o deputado federal André Vargas (PT). Eles ficaram por lá apenas um dia e receberam, cada um, R$ 420 de diária, além das passagens, claro. Neste mesmo sentido, em abril, a Câmara custeou a ida dos vereadores Vanderlei Cabeleireiro (DEM), Paulo Horácio (PSDB), Wilson Roberto Mota (PSD) e Pedrinho Nogueira e de alguns assessores a Canoas, no Rio Grande Sul. Além das passagens e hospedagens, eles ainda receberam a título de diária R$ 1.680,00 cada um. O objetivo da missão teria sido participar de uma audiência com o diretor geral da Repar daquela cidade.

Questionada sobre como é feita a triagem das solicitações das viagens para a participação em cursos, congressos ou mesmo audiências fora de Araucária, a Câmara informou que todos os pedidos são feitos à presidência da Casa, que analisa os pedidos e os defere ou não. Pedrinho Nogueira disse ainda que como 2013 marca o início de um novo mandato, muitos assessores novatos têm nessas viagens uma possibilidade de se qualificar. Ele afirmou ainda que, tão logo os escolhidos para fazer um curso custeado pela Câmara retornam, eles precisam prestar contas à direção da Casa sobre a frequência nos cursos.

Sem mudanças
Embora a Câmara tenha gastado em dez meses mais de R$ 150 mil em passagens, cursos e diárias, quem acompanha o dia a dia do parlamento municipal, não nota muita evolução na qualidade do atendimento oferecido à cidade. De uma forma geral, o trabalho apresentado pelos edis continua sendo o mesmo: requerimentos básicos, como pedidos de pavimentação, calçamento e creches; a proposição de projetos de lei de utilidade pública e moções disso e daquilo. Nos gabinetes, por sua vez, o trabalho segue aquele do varejinho: transporte de eleitores, confecção de currículos, intermediação com a Prefeitura de pedidos de remédios, recolhimento de entulhos e coisas do gênero. Resumindo: nada que justifique tanto investimento em qualificação.

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