Há mais de 50 anos no mercado, a loja de carimbos precisou se adaptar às novas tecnologias, mas ainda mantém grande clientela
Comércio e cidade sempre tiveram uma relação estreita, ou seja, um não têm significado quando separado do outro, ambos sobrevivem do fluxo de pessoas, e é exatamente essa relação que a Carimbos Budal tem com Araucária. O comércio nasceu em 1969, pelas mãos do empreendedor José Carlos Budal, 70 anos, mais conhecido como Zeca.
Comerciante há 55 anos, ele acompanhou as mudanças no cenário econômico, em todas as suas esferas, atravessou as crises, teve que superar desafios para conseguir acompanhar os avanços tecnológicos, e ainda assim, se manteve firme. “Minha empresa tem 54 anos, eu comecei no imóvel onde funcionava o antigo cinema do Seu Galize, inicialmente era gráfica e comércio de carimbos. De lá pra cá, mudamos para mais quatro endereços, e atualmente estamos no Centro, trabalhando com toda linha de carimbos e venda de tintas importadas”, explica.
Segundo Zeca, embora o carimbo carregue consigo aquele jeitão de século 20, é um instrumento de trabalho essencial para muitos profissionais. “Os carimbos ainda estão muito presentes na nossa vida, mesmo na era digital. Eles são utilizados para registrar documentos, dar um charme a mais na encomenda feita de forma artesanal, nas papeladas da escola, entre outras utilidades”, revela.
O empreendedor também é categórico quando lhe perguntam como o seu comércio sobreviveu a meio século de vida, tendo que driblar a era digital. “Tivemos que migrar do processo artesanal de fazer carimbos, para um sistema de computação com máquina à base de lâmpada fria. Apesar dos avanços tecnológicos, nunca pensamos em desistir do ramo, porque ainda temos muitos clientes que utilizam o carimbo”, explica.
O carimbo certamente é um dos mais antigos artigos de escritórios de que se tem notícia. Zeca lembra que ainda são muitos os profissionais e empresas que usam o carimbo no seu dia a dia, como os médicos, advogados, dentistas, empresários, técnicos de enfermagem e também nas festas de interior (o carimbo é usado para carimbar cartelas de bingo e outros bilhetes). “Nossos clientes estão em Araucária, Contenda, Lapa e Curitiba. Alguns profissionais estão conosco há muitos anos, mas temos aqueles que se aposentaram e não precisaram mais de carimbos”, diz.
Em uma última análise sobre as mudanças sofridas no comércio, o empreendedor lembra que antigamente, pela dificuldade de ir para Curitiba, o comércio girava mais na cidade e os comerciantes pequenos sobreviviam com mais lucros. “Hoje as grandes lojas, tanto aqui como em Curitiba, estão fechando o pequeno comerciante. Uma colheitadeira faz o trabalho de 100 homens, é o progresso que infelizmente traz consigo o desemprego”, lamenta Zeca.