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Conferência discute os rumos da saúde mental

O secretário de Saúde, Haroldo Ferreira, abriu a Conferência

A 1ª Conferência Municipal de Saúde Mental – Intersetorial – de Araucária começou ontem, dia 8, e prossegue hoje, dia 9, no Centro de Convivência Dr. Ulysses Guimarães. A proposta é viabilizar a discussão e implantação de uma política pública de saúde mental para o município, respeitando as diretrizes da reforma psiquiátrica, as leis federais e estaduais e os princípios do SUS: atenção integral, acesso universal e gratuito, equidade, participação e controle social.

A temática central da Conferência, a intersetorialidade, visa integrar esta política com outras políticas sociais, tais como educação, lazer, cultura, esporte, habitação e habilitação profissional, visando garantir o exercício da plena cidadania.  

A Conferência, promovida pela Secretaria Municipal de Saúde de Araucária, com apoio do Comusar, vai eleger seis delegados para participar da etapa estadual que acontecerá em 18 e 19 de maio. Serão três representantes dos usuários, um trabalhador em saúde mental, um gestor ou prestador de serviço e um representante intersetorial.

Críticas ao setor

Ao mesmo tempo em que a Conferência acontece e busca discutir e implantar mudanças e melhorias, funcionários do setor reclamam da falta de estrutura para trabalhar.
O técnico em Saúde Bucal e especialista em Neuropsicologia, Elias Derevecki Sobrinho, que trabalha no CAPS II, critica o atendimento à saúde mental no município, alegando quem há uma sobrecarga de serviços para uma equipe reduzida.

“De julho de 2009 a fevereiro de 2010, apesar da demanda reprimida, não pudemos receber novos pacientes. Isso para preservar a saúde dos servidores do setor e também controlar os casos de usuários antigos que exigem da equipe muita atenção. Por isso, em muitas ocasiões, o paciente não é atendido na sua complexidade individual”, comenta Derevecki.

Ele acrescenta que “hoje, um paciente em crise apenas é medicado para suprimir os sintomas, um procedimento rápido e fácil, mas o ideal seria trabalhar com as causas da crise, a subjetividade do paciente em relação ao meio em que convive e isso demanda tempo, equipe e preparo”.  

Outra reclamação do técnico é com relação à separação dos setores dentro do serviço de saúde mental. “Antes do CAPS II ser inaugurado, o Ambulatório já cumpria funções de CAPS, um serviço substitutivo às internações em hospitais psiquiátricos, inclusive era chamado CAP – Centro de Atendimento Psiquiátrico. Em agosto de 2005 houve a divisão da equipe para inaugurar o CAPS II – Centro de Atenção Psicossocial tipo II, essa divisão contribuiu com a falta da integração necessária para que efetivamente uma estrutura de saúde mental seja consistente em Araucária”, argumenta. 

Derevecki acredita que, além da junção das equipes que atuam nestes setores é necessário o ingresso de novos profissionais para melhorar o atendimento. “Espero que a Conferência venha contribuir de modo importante para que novas políticas sejam implantadas na saúde mental de Araucária”, conclui.
O secretário municipal de Saúde, Haroldo Ferreira, disse que a Conferência vai acontecer justamente para que todas as dificuldades sejam apontadas pelos profissionais que atuam no setor. 

“A proposta é ouvir as opiniões e melhorar todo o processo de saúde mental no município. Em Araucária já tivemos alguns avanços nesse sentido, como a divisão de setores, que poderá permitir uma integração entre a saúde mental e os serviços de atenção básica, onde os casos mais leves poderão receber atendimento”, explicou.

O secretário lembrou ainda que o sistema de saúde mental está sendo reformulado como um todo e que Araucária pretende, através da Conferência, adotar uma política pública que possa promover a reinserção social dos usuários e trazer mudanças positivas para o setor”, disse. 

Foto: Marco Charneski


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