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Decisão do STF divide opiniões em Araucária
Tamires e Vanessa comemoraram a decisão do Supremo

 

A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de reconhecer a união estável de homossexuais tem provocado uma série de discussões. Se de um lado estão os casais que passam a ser considerados uma unidade familiar como qualquer outra, do outro estão as instituições religiosas que defendem o casamento entre homem e mulher como a base da família.

No entanto, a decisão do STF, que na prática dá aos casais gays uma segurança jurídica em relação a alguns direitos como pensão, herança, compartilhamento em planos de saúde, não chega a legalizar o casamento gay no Brasil, mas muitos acreditam que representa um grande avanço nesse sentido.

Para a titular do Cartório de Registro Civil de Araucária, Hilda Lukalski, a decisão do Supremo Tribunal Federal acabou gerando algumas dúvidas entre a população. “Decisão ainda não é válida como casamento no civil. As pessoas precisam entender que o que esta valendo é apenas a declaração de união estável feita pelo tabelião e o que mudou foran apenas os direitos e deveres que os casais homossexuais passam a ter garantidos”, explica.

Aplausos
Apesar de não valer como casamento civil, as araucarienses Vanessa Fernandes, 22 anos, e Tamires Ferreira, 20 anos, que vivem juntas há cerca de um ano e que em dezembro de 2010 registraram declaração de união estável homoafetiva em cartório, comemoraram a decisão do Supremo Tribunal Federal.

“Na verdade a decisão não chega a representar um casamento, mas é uma maneira de dizer ‘não sou mais solteira’ e mostra que o Brasil está ficando com a cabeça mais aberta com relação à união entre pessoas do mesmo sexo”, diz Vanessa.
Segundo ela, que assumiu claramente o papel de responsável pela casa, agora sua companheira passou a ter mais segurança jurídica. “Se alguma coisa me acontecer eu sei que ela ficará bem amparada”, disse. Tamires concorda com Vanessa e disse que é bom sentir-se mais amparada judicialmente. “É bom saber que o preconceito pode estar próximo do fim”, comenta.

O relacionamento
Tamires e Vanessa se conheceram em Curitiba, quando trabalhavam na mesma empresa. Conforme elas relatam, ambas sentiam atração por mulheres, mas ainda não haviam se assumido.
Vanessa brinca, dizendo que desde criança era diferente das meninas, porque não sentia atração por homens. Mas foi com 18 anos que decidiu confirmar sua opção sexual para a família. “Na verdade eles sabiam, mas não queriam aceitar. Com o meu pai não teve jeito, ele não aceitou mesmo e então saí de casa para morar sozinha”, conta.

Tamires também enfrentou barreiras ao revelar para a família a sua opção. Ela se julga ser mais tímida e isso a levou a assumir sua homossexualidade somente aos 19 anos. “Depois que conheci a Vanessa meus pais acabaram aceitando melhor, porque viram que nós pretendíamos levar um relacionamento sério”, comenta.

Apesar de todas as barreiras que tiveram que superar, as duas ainda enfrentam preconceitos, principalmente quando saem juntas na rua e atraem olhares curiosos. “Muita coisa ainda tem que mudar, principalmente com relação à lei da homofobia, que, quando aprovada, vai trazer mais segurança para os homossexuais. Porque hoje em dia todo mundo fala que não tem preconceito, até que a homossexualidade envolva alguém da sua própria família”, diz Vanessa.
 

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