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Coluna | Ele cura o surdo-mudo

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Jesus passou pela vida fazendo o bem. Um homem totalmente voltado para a vida. Tudo que dele emanava se transformava em amor, que se refletia nos seus gestos, palavras e ações. Alguém profundamente apaixonado pelo ser humano, sobretudo, por aquele mais sofredor, doente, abandonado e excluído da sociedade. Demonstrava essa sua predileção, visitando os pecadores, os enfermos, os possuídos pelo mal, de modo terno, delicado e totalmente gratuito. Nele não havia nenhum interesse escondido, não havia uma segunda intenção, simplesmente ele amava porque queria o bem e a felicidade de todos. Encanta esse modo de ser do Mestre, tão livre e espontâneo. O que nasce do coração sempre vem carregado de leveza, porque é natural, com o único e exclusivo objetivo de ajudar, de levar a fé, a coragem e a esperança a todos.

Jesus se aproximava das pessoas e a sua pedagogia se refletia no encontro amável e misericordioso com o outro. Numa sociedade cheia de regras, de normas, de leis, de proibições, de condenações, que via a doença como um pecado, o Mestre andava na contramão. Em vez de afastar as pessoas doentes e pobres, ele as aproximava de si, tocava e permitia ser tocado, curando tantos homens e mulheres abandonados por um sistema que os afastava e excluía do meio social. Ao tocar nos ouvidos e nos lábios do surdo-mudo, provocou nele uma verdadeira transformação física e espiritual. Aquele homem começou a ouvir e a falar, de modo livre e pleno. O espírito de Jesus, através do toque carregado de energia positiva, provocou nele uma nova vida. A graça e o amor do mestre restituem nele a dignidade, a inclusão na sociedade e o direito de viver plenamente.

Num mundo marcado pelo medo, pelo distanciamento, o papa Francisco convoca a todos a viver a cultura do encontro. Tantas pessoas vivem como surdas e mudas e incapazes de escutar o outro e de pronunciar palavras de conforto e esperança. Assim como curou aquele surdo-mudo, ele pode curar e libertar cada um de nós do fechamento em si mesmo. Tantas pessoas vivem sem dar atenção ao outro, totalmente voltadas para si mesmas e para os seus interesses. Tantos outros vivem como se fossem mudos, pois suas palavras não refletem o amor de Deus. Pelo contrário, quando abrem a boca, pronunciam somente palavras agressivas, violentas e ameaçadoras.

Fazer a experiência do encontro com Jesus, a exemplo daquele surdo-mudo, significa dispor-se a abrir o coração e deixar que o Senhor o habite e tome conta dele. Somente ele pode abrir os nossos ouvidos, e, nos colocar na atitude da escuta do outro. Escutar significa liberar os nossos desejos apenas egoístas e individualistas, e, prestar atenção àquilo que o outro tem a nos dizer. Tantas pessoas simplesmente se fecham à voz, clamor e dor do próximo, numa atitude de frieza e de indiferença. Tantos outros desferem golpes através de palavras afiadas, a fim de destruir e diminuir o outro. Ou então, calam em vez de ser uma voz de esperança. Aprender na escola de Jesus requer uma humildade muito grande, a fim de abrir-se ao outro e deixar de ser narcisista e fechado em seu próprio mundo.

Cada um de nós tem um pouco de surdo-mudo, e, necessita deixar que o amor de Jesus nos transforme por dentro. Permitir que o Mestre toque os nossos ouvidos e a nossa boca, para que, tocados pela saliva do seu espírito, os abramos a tantos que necessitam falar e serem escutados, e, levar a eles palavras de conforto, de coragem e de esperança.

Publicado na edição 1277 – 02/09/2021

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