Zezé: ele garante que ainda não está pensando nas próximas eleições
Desde que assumiu o comando da Prefeitura,em janeiro de 2009, o prefeito Albanor José Ferreira Gomes (PSDB) ainda não havia falado com exclusividade ao jornal O Popular do Paraná. Tal situação, no entanto, mudou esta semana. Zezé recebeu nossa equipe em seu gabinete na tarde de terça-feira, dia 8.
Numa entrevista de pouco mais de uma hora, Albanor respondeu a diversas perguntas que – de uma maneira geral – mostram como ele enxerga a cidade de Araucária e também como ele avalia a gestão que está fazendo. Abaixo e também na página 5 você confere os principais trechos da conversa.
Carlos do Valle (entrevista) Waldiclei Barboza (edição)
O senhor deixou a Prefeitura em dezembro de 2004 e retornou quatro anos depois, em janeiro de 2009. Como o senhor encontrou o Município, administrativamente falando?
Eu encontrei com dificuldades. Poderíamos dizer que ele estava praticamente inadimplente. O viaduto de entrada, por exemplo. A obra estava parada há alguns meses e nós tivemos que retomar todo o processo de construção para evitarmos até ficarmos inadimplentes com o Governo Federal. Outro problema foi com relação ao PAC. Existia um projeto de realocação de 310 famílias do jardim 21 de Outubro para dois lugares: um próximo ao Tupy e o restante no próprio Arvoredo. Mas encontramos um grande problema, alertado pela própria Caixa, vez que o projeto estava abandonado. Tivemos que recompor todo o projeto, vez que nem cópias dele havia na Secretaria de Planejamento. Também encontramos problemas na obra da Escola Archelau, que estava parada e os alunos da região estudando num porão de igreja. Da mesma forma encontramos a Escola João Sperandio, que tivemos que retomar todo o processo, inclusive de forma judicial, para poder reformar o local. Então, tivemos dificuldades de toda a ordem. Problemas que tivemos que resolver antes para só depois conseguirmos iniciar a nossa administração. Além disso, encontramos uma fila de mais de mil crianças esperando por uma vaga nas creches. Isto sem contar o déficit de funcionários. Quando assumimos, os cargos em comissão haviam sido reduzidos em 50%, o que gerou um problema de falta de funcionários para realizar tarefas administrativas e operacionais. E o pior, não havia concurso público aberto para repor este pessoal. Por isso, nós já fizemos, até agora, três concursos públicos. Contratamos engenheiros, advogados e arquitetos, entre outros. Servidores que nem existiam no quadro da Prefeitura e eram ocupados por CCs.
Araucária tem um orçamento que causa inveja às outras cidades do Paraná. No entanto, temos ouvido falar muito em redução de gastos por parte da Prefeitura. Está mesmo faltando dinheiro?
O grande problema de Araucária é que, ao longo dos anos, cada vez mais foram acrescentados serviços para atender a população. E o problema é que o aumento dos gastos de custeio da máquina foi num percentual superior ao crescimento da receita. E a partir do momento em que constatamos isto, tivemos que pensar em readequar algumas coisas.
Como economizar, fazendo os cortes que têm que ser feitos, sem piorar ainda mais a qualidade dos serviços públicos oferecidos à comunidade?
Olha, o que nós queremos é que os serviços oferecidos à população sejam de qualidade e dentro das possibilidades que o Município tem por conta de seu orçamento. A intenção é exatamente dar condições aos nossos funcionários para que eles possam oferecer um serviço de qualidade. E para isto estamos investindo nas pessoas, melhorando os salários dos servidores e dando qualificação a eles; é o que estamos fazendo.
Com dois anos de governo cumpridos, o que o senhor considera as maiores conquistas de seu mandato neste período?
Tentamos, de todas as formas, colocar em prática o que nos comprometemos durante a campanha. Ainda estamos no meio do mandato, mas mesmo com os problemas que eu relacionei anteriormente, estamos fazendo muitas coisas. Nós estamos investindo bastante em educação: 30% do nosso orçamento. Estamos ampliando as creches, melhorando escolas e dando mais condições de trabalho para os professores. Na área de segurança, que é um problema sério, também estamos fazendo muito. Criamos a Secretaria de Segurança. Fizemos concurso para contratar guardas municipais. Tínhamos oitenta guardas, sendo que quando eu assumi eram apenas 67 e hoje, depois do concurso, já estamos com quase 120 guardas para atender à expectativa da população. Isto apesar de sabermos que segurança não é uma atribuição do Município. Mas estamos fazendo a nossa parte, com o apoio das polícias militar e civil. Temos também investido em asfalto, tudo com recursos próprios. Não tem um centavo de outras esferas de governo. É bom deixar claro que nós tivemos uma dificuldade enorme com o Governo Estadual nesses dois últimos anos. A nossa expectativa é que com o novo governo, todos os pedidos que temos lá no Estado sejam liberados.
E as maiores derrotas?
Não considero que tivemos tido derrotas neste período. Ainda temos dois anos de mandato para cumprirmos nossos compromissos de campanha. Não é o momento de falarmos em derrotas.
.
Muitas pessoas têm comentado que o senhor não é mais o mesmo. Não parece ter mais a mesma disposição dos outros mandatos. Tem algum fundamento isto?
De forma nenhuma! Não mudei a forma de agir e trabalhar. Respeito as pessoas, continuo querendo o melhor para a nossa cidade. Procuro conseguir o melhor para a nossa população, procurando atender – principalmente – os que mais precisam. Não há qualquer tipo de diferença entre o que eu fazia antes e o que eu faço agora. O que – talvez – tenha mudado é a administração pública como um todo. O primeiro mandato é diferente do segundo e deste. Agora, eu vejo uma série de exigências que antes não havia. Existe uma série de amarrações que seguram algumas coisas e isso diminui o ritmo da administração. Mas a minha forma de agir é a mesma.
Temos ouvido muitas críticas à Prefeitura por conta da falta de vagas nas creches; o que o senhor está fazendo para acabar com este problema?
Eu assumi com duas mil crianças aguardando uma vaga. Existia um TAC (Termos de Ajuste de Conduta) assinado pela gestão passada com o Ministério Público, cuja responsabilidade caiu toda sobre mim. O que estamos fazendo agora para tentar atender a essas necessidades é ampliar as creches, o que praticamente vai dobrar a quantidade de vagas onde as ampliações estão sendo feitas. E eu posso falar desta questão com bastante segurança, porque 90% das creches que existem em Araucária fui eu quem fiz. Também estamos construindo uma nova creche e em breve devemos iniciar a construção de outra no jardim Tropical. Temos outros três pedidos de recursos no Paranacidade para construir mais três creches. Mas precisamos ressaltar que, além da parte física, precisamos considerar as pessoas que serão necessárias para trabalhar nesses locais. Recentemente, por exemplo, fizemos concurso público. Tivemos 700 inscritos e apenas 67 passaram, das quais pouco mais de trinta acabaram assumindo suas vagas.
A qualidade do ensino de Araucária vem sendo muito criticada, bem como a infraestrutura de algumas escolas municipais e o corte de alguns serviços oferecidos aos alunos, como o transporte escolar. Os professores também parecem descontentes. Podemos dizer que a Educação do Município vive uma crise?
Não considero que estamos vivendo uma crise. Estamos investindo 30% do nosso orçamento em Educação. Ano passado, investimos mais de R$ 100 milhões nesta área. Reformamos escolas e qualificamos professores. Ainda temos o UCAA, que já beneficia mais de sete mil alunos, é um dos nossos carros-chefe. Estamos negociando com o BNDES para podermos financiar o restante dos computadores, para que possamos ampliar o programa e beneficiar todos os alunos da rede nos próximos 2 anos. E nas três escolas onde o UCAA já foi implantado já notamos um aumento no rendimento dos alunos. Também não vejo descontentamento com relação aos professores. O relacionamento é o mesmo: com respeito, tentando de todas as formas atender às necessidades do magistério. Os nossos professores são os que recebem os melhores salários no Paraná e o transporte escolar da área urbana foi cortado para que os recursos gastos ali fossem mais bem investidos na própria Educação.
São várias as críticas que a população tem feito com relação à Secretaria de Saúde, principalmente por conta da demora de atendimento no NIS e para marcação de algumas consultas com médicos especialistas. O estranho, no entanto, é que esta área sempre fora bastante elogiada em outras oportunidades em que o senhor esteve no comando da cidade. Mudou alguma coisa na forma de gestar a Saúde de Araucária e como diminuir essas críticas da comunidade?
A idéia, o interesse e a vontade continuam os mesmos: tentar atender satisfatoriamente a comunidade com relação à saúde. Se nós voltássemos um pouco no tempo, veríamos que a fila de espera era ainda maior. Estamos implantando a informatização do NIS e das unidades de saúde e depois disso tudo pronto, as coisas vão melhorar bastante. Temos hoje um problema no CEMO por conta do vendaval que destelhou tudo lá. Também criamos o Pronto Atendimento Infantil, que significou um avanço na qualidade de atendimento. Estamos construindo a UPA do jardim Planalto, que vai atender a população da região Sul. E a ideia é construir outra UPA no jardim Industrial e vamos manter o NIS como pronto atendimento 24 horas. Isto sem contar as várias reformas que estão sendo feitas em alguns centros de saúde.
O senhor está satisfeito com o trabalho desempenhado por sua equipe de secretários. Exista alguma previsão de mudanças?
Estou satisfeito. Eu sei que cada um tem suas dificuldades, mas tenho certeza de que todos estão se empenhando ao máximo para cumprir nossos objetivos de campanha. Não planejo qualquer mudança na equipe.
Esta é a terceira vez que o senhor comanda o Município, sendo que nas outras duas seu grupo político era bem maior. Hoje, algumas dessas pessoas integram até sua oposição. A perda desses companheiros foi prejudicial ao senhor?
De forma nenhuma. A política tem mudanças toda hora. Hoje, alguns estão juntos e daqui a pouco deixam de estar. Assim é a vida. Eu tenho procurado manter a mesma posição neste período, outros, no entanto, mudaram.
Como é a relação do senhor com a Câmara de Vereadores?
É uma relação de respeito. Muitos ali me ajudam. Eu tenho certeza de que esta relação vai continuar boa porque tanto os vereadores como nós queremos o melhor para a cidade. E eu tenho certeza de que tudo o que eu encaminhar à Câmara será aprovado porque é do interesse da comunidade.
Como é sua relação com a deputada federal Rosane Ferreira?
É uma relação boa. Enquanto deputada estadual ela tentou nos ajudar e agora eu tenho uma expectativa muito boa com a Rosane como deputada federal. Com ela lá, temos melhores condições de conseguirmos mais recursos para a cidade. Ela já se prontificou a isto inclusive.
Que presente o senhor gostaria de dar aos araucarienses neste aniversário de 121 anos?
Nós estamos agora entregando à comunidade às câmeras de monitoramento, que era um dos nossos compromissos de campanha. Ainda sobre as câmeras, temos um outro projeto aprovado junto ao Governo Federal para instalação de mais treze câmeras. Neste momento, entrarão em funcionamento 26. E este é um presente para a nossa população.
O senhor já pensou numa eventual candidatura no ano que vem?
Eu penso que este nem é o momento ainda de se pensar em eleições. Temos muitas coisas para fazer até lá. Eu não estou preocupado com 2012, o momento certo disso virá. O que eu quero agora é me concentrar em fazer aquilo que prometi a comunidade.
Mas existe a possibilidade?
Sim, com certeza!
Para finalizar, que mensagem o senhor deixaria pra comunidade de Araucária?
Eu sou grato à população de Araucária pelo apoio e confiança que sempre depositou em mim. As pessoas sempre me ajudaram em todas as eleições que eu disputei e eu tenho procurado ser fiel a essa expectativa e confiança. Eu quero cumprir os meus compromissos, continuar sendo útil à população. Quero continuar merecendo por parte da população essa confiança. É com essa determinação, com essa vontade e esse desejo que eu quero fazer uma boa administração para que as pessoas possam se orgulhar desse município em que vivemos.