Araucária PR, , 21°C

Famílias do bairro Passaúna estão ameaçadas de despejo
Gerdau continua aberta ao diálogo para que a retirada seja feita da forma mais tranquila possível

O clima é de muita preocupação entre os integrantes de seis famílias moradoras da Rua Nicola Merhy, no bairro Passaúna, nos fundos da Gerdau. Eles terão que deixar as casas onde moram, porque as mesmas estão no terreno que pertence à siderúrgica e esta recebeu decisão favorável da Justiça para a recuperação de posse de área ocupada pela extinta empresa Cerâmica Michel, a qual fica dentro dos limites da unidade industrial da Gerdau.

A siderúrgica informou que desde o dia 26 de setembro de 2011 vem diligenciando no sentido de cumprir esta decisão. A área foi adquirida pela companhia em 1981 e, desde então, vinha sendo ocupada pela olaria, inicialmente em decorrência de Contrato de Exploração de Jazida de Argila e, posteriormente, por meio de contrato de locação, o qual venceu no início do ano de 2005.

Ainda de acordo com a Gerdau, devidamente notificada para desocupar o imóvel, a Cerâmica Michel obteve liminar que autorizou sua permanência, a qual foi revogada em março de 2006. Desde então, a Gerdau fez diversas tentativas para solucionar a questão por meio de acordo, recorrendo à ação de despejo e imissão de posse na data de 9 de setembro de 2009. A empresa esclarece que a ação de despejo foi o último recurso após uma série de medidas para retomar o terreno de forma amigável.

Tensão
O grande problema é que as seis famílias que residem no terreno, totalizando 19 pessoas, estão vivendo sob tensão desde que a Gerdau ameaçou cumprir o mandado de despejo. Segundo os advogados Antônio César Tzaya e Giovani Reinaldin, que defendem as famílias, a Gerdau sempre procurou resolver a situação da maneira mais pacífica e está no direito de requerer o que é seu; prova disso é que adquiriu o terreno desde 1981, está com o mandão de despejo desde 2009 e somente agora está buscando os seus direitos. “O problema é que as famílias também entraram de gaiatas nessa história. Primeiro porque não foram comunicadas sobre o processo que envolvia a Cerâmica Michel e a Gerdau e segundo porque, se saírem dali, não têm para onde ir”, explicou Antônio César.

O advogado disse ainda que o Juiz da Comarca de Araucária estendeu o prazo para que as famílias deixem a área. “Elas terão até o dia 10 de janeiro de 2012 para sair de lá, mas, tão logo isso ocorra, vamos entrar com uma ação pedindo indenização e reparação de danos contra os donos da Cerâmica, porque o que eles fizeram com estas pessoas foi desumano”, completou.

Questão trabalhista
A Gerdau também alegou que as famílias que hoje estão sendo retiradas do terreno só estavam naquela área em virtude de relação de trabalho que tinham com a Cerâmica Michel.

“A partir do momento em que a Cerâmica deixou de operar e o contrato de trabalho desses moradores foi rompido com a empresa, eles não tinham mais direito de permanecer no local”, justificou a empresa, que afirma ainda que as famílias receberam aviso para saírem do local no dia 26 de setembro de 2011, data em que foi iniciado o trabalho de retomada do terreno.

“É importante esclarecer que a Gerdau continua aberta ao diálogo com as famílias para que a retirada seja feita da forma mais tranquila possível”, acrescentou a empresa.

Leia outras notícias