Quando falamos em propaganda, imediatamente pensamos nos anúncios comerciais que invadem a programação da televisão ou que ocupam enormes espaços das revistas e jornais. Porém, a propaganda vai muito além e tem papel relevante na política e na difusão de correntes do pensamento econômico ou religioso, bem como em inúmeras outras áreas das relações humanas. A exibição de visuais exóticos e coloridos com a função de atrair parceiras para o acasalamento, ou expressões ferozes para afugentar inimigos, são propagandas instintivas existentes na natureza. Afinal, os mais eficientes em passar uma imagem atrativa e forte conseguem sobreviver por mais tempo e deixam maior número de descendentes para perpetuar a espécie. O crescente acúmulo de conhecimento e a rapidez na difusão de informações tem tido forte reflexo na propaganda. Os hábitos são cada vez mais influenciados por estratégias de divulgação desenvolvidas para vender determinados produtos e para estimular afeição ou rejeição. Não dá para simplificarmos e atribuir à propaganda a origem de todos os males, pois ela cumpre um papel fundamental na divulgação de novas tecnologias e facilidades que podem tornar a existência mais leve e prazerosa. Há, no entanto, que avaliarmos com cautela as campanhas publicitárias. São inúmeros os casos de pessoas que gastam além do que podem para atender a moda e nunca chegam a satisfazer-se. E não é só quanto ao que vestem, mas também quanto ao modelo de celular ou ao estilo do carro e de outros aspectos que exigem a constante atualização de modelo e um gasto progressivo. Existem, ainda, as armadilhas escondidas nos discursos que os políticos fazem antes de serem eleitos e que não passam de peças cuidadosamente produzidas por marqueteiros regiamente pagos, conduzindo a inevitável frustração. Campanhas publicitárias das mais diversas áreas, se analisadas com atenção, nada mais são do que estratégias ardilosas para atender objetivos do anunciante. Cada um de nós deve fazer uma análise racional do que assiste ou lê para não ser manipulado de forma deliberada pela propaganda. Por que as propagandas televisivas que prometem milagres na eliminação da celulite e das gorduras femininas são divulgadas quando a mulher prepara-se para deitar-se com seu companheiro, à noite? E por que as propagandas para controle da ejaculação precoce e da impotência são divulgadas de forma enfática ao amanhecer, quando um percentual previsível de homens pensará no insatisfatório desempenho da noite anterior? Nestes tempos de facilidades na comunicação e de estratégias de propaganda extremamente elaboradas, a avaliação racional evitará que nos tornemos marionetes da propaganda.