JUBILADO

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Em 31 de março, completam-se 50 anos do golpe de 1964 e do início de um período de governos militares que se estendeu até meados dos anos 80. Em 1984, população foi maciçamente às ruas para reivindicar o direito de votar para presidente, na campanha das Diretas Já. O anseio popular foi frustrado quando o Congresso não aprovou a realização de eleições diretas para Presidente da República, já no próximo pleito. Ainda assim, o candidato preferido pelo povo venceu as eleições indiretas, mas quem assumiu foi o candidato a vice-presidente José Sarney devido ao falecimento de Tancredo Neves, antes de tomar posse no cargo. De lá para cá, a jovem democracia brasileira vem se ampliando e o ambiente de liberdade tem possibilitado o debate de importantes questões da sociedade. A opinião pública é cada vez mais levada em conta e todas as correntes político-ideológicas sabem, ou deveriam saber, que precisarão se submeter à vontade das urnas para obterem mandatos no executivo ou no legislativo. A participação popular tem crescido, ainda que sem o grau necessário à expressão das reais necessidades da maioria da população. Há muito a ser melhorado no ambiente político nacional, mas é impossível negar que avanços ocorreram e que cabe ao próprio povo brasileiro aperfeiçoar suas escolhas. É fundamental que seja dado o devido valor ao que já foi conquistado e manter a atenção, pois nas redes sociais da internet ou até na grande imprensa vê-se o pipocar de opiniões que clamam por nova intervenção dos militares. Algumas pessoas não percebem, talvez por ignorância histórica, que só podem manifestar-se porque estão vivendo sob um regime democrático. Bem pior é o caso daqueles que, mesmo conscientes de estarem contribuindo para o sacrifício das liberdades democráticas, perseguem tão somente seus objetivos pessoais. O caminho não é defender a censura das opiniões, por mais absurdas que sejam, mas procurar identificar o interesse dos que fortalecem a tese da intervenção na ordem democrática. É preciso relembrar as dificuldades enfrentadas para vencer a resistência dos que proclamavam que as eleições não eram necessárias porque o povo não sabia votar naqueles tempos do regime militar. A consolidação da democracia e seu aperfeiçoamento são objetivos primordiais da sociedade. Apenas considerar que será necessária tutela forte e incontestável nos rumos de uma nação, já é admitir a incompetência definitiva de um povo. Isso para não falarmos que, a pretexto de preservar a liberdade, muitos países são alvo de ações imperialistas de potências estrangeiras ainda nos dias de hoje. Preservar a liberdade necessária ao desenvolvimento pleno das potencialidades do ser humano, particularmente quando se pensa em expandir o desenvolvimento ao conjunto da população, exige vigilância constante.

Júlio Telesca Barbosa
Engenheiro Agrônomo

 

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