Qual é a fila do meu time?

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Perguntar em qual fila entraremos, pode parecer confissão de que não sabemos o rumo a seguir, mas certamente evita que reforcemos o contingente de pessoas que tem objetivo diferente ou até contrário ao nosso. É o caso específico dos estádios de futebol, onde filas e portões diferentes dão acesso às torcidas dos times que irão se enfrentar. Se seguirmos o grupo que segue ao espaço destinado aos torcedores de time que não é o nosso, teremos que mostrar contentamento até quando a defesa falha e o time do coração leva gol. No caso de vitória do nosso time, teremos que mostrar tristeza para não contrariarmos os que nos cercam e sermos hostilizados. A escolha da fila que entraremos nem sempre é tão simples como no caso das arenas esportivas, pois lá os torcedores estão com as cores de seu clube e entoam refrões próprios abertamente. Mas, quando vamos comprar um produto ou serviço, nem sempre o vendedor é sincero quanto às qualidades do que pretendemos adquirir e até chega a omitir os defeitos do objeto da venda. Nas relações interpessoais, muitas vezes os reais sentimentos e intenções estão ocultos por um véu que somente será descortinado quando a parte que usava a dissimulação como arma para atingir o que pretende. O exemplo rematado está na forma como a atividade política vem sendo exercida. É voz corrente de que parte dos que buscam obter votos fazem promessas que não pretendem cumprir, enquanto seus eleitores fingem ignorar os fatos mesmo diante de evidências significativas. No momento presente, o noticiário sobre a situação da Petrobras chega massivamente a todos e teremos que escolher uma fila para entrar. Mesmo não participando de algum movimento contra ou a favor da sistemática de condução de nossa maior empresa, ainda assim escolheremos os representantes políticos para que defendam a posição que acreditamos correta. E não estou me referindo às denúncias de negócios malfeitos ou até de corrupção, pois estas precisam ser investigadas até a raiz e os responsáveis por tais erros sejam punidos exemplarmente. O que quero destacar é que, no meio do bombardeio de informações, pode ficar difícil para que os brasileiros percebam que a Petrobras vem cumprindo uma orientação da política econômica ao evitar que os preços dos derivados de petróleo acompanhem os preços internacionais, mesmo em picos de alta do óleo cru. Com o aumento do consumo interno, a importação de derivados leva a perda do valor das ações da Petrobras e a repercussão do fato é imediata, em face de interesses contrariados. É necessário avaliar bem os objetivos reais por trás de cada discurso e engrossarmos o coro dos que defendem nosso interesse de cidadania, de forma consciente. Realmente não é fácil fazer a escolha da posição correta a defender, mas é exigência do regime democrático que o façamos. O que não dá é para entrarmos na fila dos que torcem por um interesse que não é o nosso, por pura falta de cautela na busca de informação.

Júlio Telesca Barbosa
Engenheiro Agrônomo

 

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