A Última que Morre

Facebook
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Email

No Brasil, os ditados e máximas tem um importante papel na comunicação e consequentemente na estruturação das nossas crenças. “A esperança é a última que morre” é um dos chavões que ouvimos desde que começamos a participar da comunicação verbal. Com sua mensagem positiva, de sempre esperarmos dias melhores mesmo na adversidade, o ditado vem atravessando os tempos e serve de apoio e consolo. É que não sobra quase nada para nos apegarmos, no turbilhão de notícias negativas que a comunicação instantânea possibilita, mas devemos seguir em frente. A humanidade caminha sempre no sentido do aperfeiçoamento, conforme se observa nos ganhos expressivos de qualidade e duração da vida obtidos. E não se trata de um grupo isolado de cidadãos, mas da maioria da população que vem tendo acesso à uma vida melhor. Claro que, para pensarmos assim positivamente, não devemos tomar exemplos isolados para comparação. É o caso da Democracia da Grécia antiga, que serviu de matriz para os governos participativos que foram surgindo, mas que destinava-se à uns poucos cidadãos, em meio a grandes grupos de escravos, servos e com exclusão das mulheres. Assim, baseado em largos períodos da história, continuo a acreditar que a humanidade seguirá avançando. Mesmo chocado com as notícias sobre o assassinato do menino Bernardo e vendo as pessoas protestar violentamente, principalmente nas redes sociais da internet, contra a vacinação antigripal gratuita da população carcerária e contra diversas outras medidas de amparo social, ainda acredito na evolução. A comoção geral quanto ao assassinato do menino Bernardo é causada por envolver pessoas instruídas e de razoável poder aquisitivo em atos corriqueiros e ignorados quando praticados em segmentos que não recebem maior destaque por já estarem marginalizados e, portanto, ocorrerem longe de nós. Já os diversos protestos contra a vacinação gratuita de presos, partem de pessoas que ainda não perceberam que não é só o direito do presidiário que está em jogo. É de interesse coletivo que as cadeias e carceragens, além de deixarem de ser escolas do crime, não se transformem em enormes incubatórios de vírus letais à todos nós. Basta ler nos livros de história para constatar que as epidemias virais podem dizimar populações inteiras. Os surtos de Influenza, só no século 20, mataram dezenas de milhões de seres humanos. É claro que o preso está pagando por um crime cometido, mas ainda assim é um membro da sociedade e como tal deve ser tratado. A esperança, portanto, vem do debate e da circulação cada vez mais eficaz das informações, pois sem isto a humanidade estaria fadada ao retrocesso. Não basta apenas protestarmos e querermos vingança imediata, pois a natureza humana é levada a praticar o bem mediante o esclarecimento que surge do debate livre de ideias.

Júlio Telesca Barbosa
Engenheiro Agrônomo

 

Compartilhar
PUBLICIDADE