A Prisão dos Ativistas

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Nos últimos dias, noticiou-se a ordem de prisão de ativistas que teriam participado de protestos que descambaram em quebra-quebra e depredações de bens públicos e privados. Mesmo parecendo um assunto distante do cidadão comum, este tema certamente diz respeito à todos e merece atenção. A liberdade de pensamento e expressão, que somente foi conquistada pelos brasileiros mediante muito esforço e sacrifício, não pode ser menosprezada ou colocada em risco descuidadamente. A limitação da livre manifestação e de outras liberdades poderá fazer com que deixemos de ser reconhecidos mundialmente como povo alegre e espontâneo. Está provado que o regime democrático pode assegurar crescimento econômico sem sacrificar as liberdades individuais, ao contrário do que ocorre nos regimes totalitários de orientação direitista ou esquerdista. Porém, para proteger o ambiente democrático, é necessário que os cidadãos ajam com consciência e compromisso quanto a liberdade individual. Algumas pessoas – mesmo que detenham importantes postos na estrutura política, nos sindicatos, em outras organizações da sociedade e até mesmo formadores de opinião com acesso aos meios de comunicação – agem com despreparo e falta de noção quanto ao seu papel. Pior ainda, alguns mascaram seu desprezo pela extensão da liberdade para toda a população e agem nas sombras, buscando solapar as instituições democráticas. Há hipóteses de que até o crime organizado poderia estar por trás de algumas manifestações violentas. A democracia brasileira está longe de ser perfeita, contaminada que é pelo poder econômico e pela influência da mídia que constrói ou derrete reputações, conforme se viu na ascensão e queda do ex-presidente Collor. A imagem de “caçador de marajás” foi construída pela grande imprensa, pois Collor era um desconhecido para a maioria dos brasileiros. A imagem positiva esfacelou-se nos primeiros meses de seu governo e a população exercitou seu direito de manifestar-se, exigindo o impeachment do presidente, obtendo então espaço na grande mídia. É preciso que a população participe e ajude a marcar o ponto em que deve iniciar a contenção dos excessos na reivindicação de pretensos direitos. Sou totalmente a favor da liberdade plena de pensamento e expressão, mas não me parece que a sociedade possa aceitar que vândalos queimem ônibus, trens e outros bens de uso da população, alegando que eles deveriam funcionar melhor. Nossa democracia, mesmo deficiente como ainda é, permite efetivamente que todos expressem sua opinião. Mas, os que querem impor sua opinião com o uso de fogo, paus e pedras, precisarão ser contidos pelos instrumentos que a sociedade dispõe para combater a violência.

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