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Mãe diz que filha de 4 anos sofre bullying
Caso de suposto bullying no CMEI Pequim levanta polêmica

Neli Pescador Belo afirma que sua filha, de apenas 4 anos, está sofrendo agressões verbais de alguns coleguinhas. O suposto caso de bullying estaria ocorrendo no CMEI Pequim. A mãe, que procurou a redação do O Popular, relatou que a filha estuda no Centro desde os cinco meses de idade e nunca teve problemas, mas, de uns tempos pra cá, alguns coleguinhas estariam zombando da criança, chamando-a de preta devido a sua cor ser morena jambo, e também de seca, porque ela é magrinha.

“Minha filha vem sendo humilhada há bastante tempo. Já levei o problema para a diretora e ela me disse que as crianças são ensinadas sobre o preconceito e se elas fazem isso é porque aprendem em casa”, denunciou Neli, acrescentando que sua preocupação é que a filha cresça com traumas, se achando diferente das demais crianças. “Ela é uma criança feliz e quero que continue assim”.

Outro fato que teria motivado a denúncia foi o fato de a direção do CMEI ter pedido que a mãe levasse a filha no postinho de saúde porque poderia estar com piolho, solicitando ainda que a criança só retornasse para a escola com o papel assinado pelo postinho. “Quer dizer que agora, além de preta e seca, minha filha é piolhenta? Levei no postinho e felizmente constataram que ela não tinha nada. Isso foi humilhante, muita perseguição para uma pessoa só”, disse.

Providências
Sobre o caso, a diretora do CMEI Pequim, Cristiane Furman, justificou que sempre que acontecem problemas como este a direção procura conversar com as atendentes e verificar o que está ocorrendo. “No entanto, é importante lembrar que há várias culturas e nós educadores trabalhamos com este tema da diversidade cultural, orientamos as crianças, mas não é possível evitar situações assim, mesmo porque são pequenos e agem sem maldade. Esta mãe só nos procurou depois do encaminhamento que fizemos ao posto de saúde. Ela deveria ter nos comunicado antes que a filha estaria sofrendo este constrangimento”, explicou. Lembrou que, para evitar casos como estes, os pais devem se interessar mais pela rotina escolar dos filhos. Disse ainda que o CMEI tem interesse em esclarecer a situação e na segunda-feira, dia 21, fará uma reunião com a mãe para esclarecer tudo e registrar em ata.

Quanto ao piolho, a diretora explicou que as atendentes não podem revistar a cabeça das crianças, pois seria vexatório para elas, por isso é solicitado o apoio dos pais neste trabalho. "Neste caso específico, a mãe foi negligente, porque avisamos diversas vezes para olhar a cabeça da filha, mas, como ela não o fez, encaminhamos para a unidade de saúde”.

A SMED explicou que casos de alunos sendo hostilizados por causa da sua cor podem acontecer, pois vivemos numa sociedade ainda racista, mas precisamos ter consciência de que este não é um processo natural e que a Secretaria não pode se omitir, mas sim trabalhar estas questões junto aos pais e apoiar o aluno agredido. Disse ainda que, quando toma conhecimento de casos como este, auxilia e orienta a escola e os pais sobre como trabalhar com esta manifestação de preconceito, ajudando a elaborar ações para reverter esta situação.

A Secretaria ressaltou que a reunião entre a mãe e a direção do CMEI contará com a presença da coordenadora da Educação das Relações Étnico-Raciais e a proposta é ouvir os fatos e, se for preciso, auxiliar o CMEI na intensificação de ações contra a discriminação racial. Lembrou ainda que o CMEI Pequim sempre foi contra toda e qualquer forma de discriminação, inclusive tem participado ativamente das formações que a SMED proporciona.
Maurenn Bernardo

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