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Matam e jogam corpo no Rio Iguaçu
Josué, Daniel e Vinícius, junto com Viviane, estão detidos na Delegacia de Araucária aguardando providênciasMatam e jogam corpo no Rio Iguaçu
Armas, munições e celulares foram localizados com suspeitos

Crime passional ou latrocínio? É para obter esta resposta que a Polícia Civil de Araucária tenta unir fatos, depoimentos e vestígios para desvendar o que motivou Daniel Metka, 21 anos, vulgo ‘’Nuno’’; Viviane Martins, 23 anos; Josué de Souza Ferreira, 24 anos, vulgo “Butchá”, e Vinícius Leite Cardoso, 19 anos, a assassinarem José de Souza e Silva, 46 anos, na madrugada de domingo, dia 27, com pelo menos dois tiros. Conforme algumas informações, José era um cara tranquilo, sem passagem pela polícia. Ele trabalhava como pedreiro e era evangélico. No dia do crime, teria dito que ia à “Casa de Deus” e não voltou mais. O corpo da vítima foi jogado no Rio Iguaçu, sendo que até a tarde de ontem ele ainda não havia sido localizado.

Primeira versão
Na manhã de domingo, perto das 8h40, a Polícia Militar foi acionada e se dirigiu à Rua Amor Perfeito, no Campina da Barra, onde se encontrava o veículo GM Corsa, placas IKK-0681, que pertencia a José. A Polícia entrou na residência e se deparou com Daniel, portando uma pistola 765, e Viviane. Conforme relatou a PM em Boletim de Ocorrência, Daniel tinha manchas de sangue no punho. Na casa, sobre o sofá da sala, também havia outro revólver, calibre 38. Além disso, segundo a PM, o porta-malas do veículo também estava sujo de sangue.

Diante das evidências, sem qualquer coação física ou moral, como afirmaram os policiais, Daniel passou a declarar que José estava morto e que a vítima teria um caso amoroso com Viviane, descoberto por ele há uma semana, e que, desde então, passou a arquitetar a morte do homem. Conforme consta no Boletim, Viviane teria atraído a vítima até o local do crime, onde estava Daniel, que contava com a ajuda de Josué e Vinícius. Lá, todos entraram no carro da vítima e se deslocaram até a Estrada do Tietê, nas proximidades da Chácara Sol Nascente, a cinco quilômetros da Rodovia do Xisto, onde Daniel efetuou dois disparos contra José, que caiu no chão. O quarteto teria então abandonado José e ido até Curitiba, curtir o restante da noite na danceteria Milenium. Após algumas horas de balada, eles retornaram ao local do crime para conferir se José estava realmente morto.

Ao constatar que a vítima estava realmente sem vida, eles o colocaram no porta-malas do veículo, e se deslocaram até a região de Guajuvira e jogaram o corpo no Rio Iguaçu. Depois retornaram para a casa de Daniel, onde mais tarde ele e Viviane foram surpreendidos pela Polícia. Josué e Vinícius, que estavam em suas residências a três quadras dali, também foram presos, e todos encaminhados à DP local.

Depoimentos
Já devidamente guardados na Delegacia, a Polícia Civil ouviu cada um dos envolvidos no caso isoladamente. Em depoimento, Viviane afirmou que conhecia José há cinco anos, mas que eram só bons amigos e nunca tiveram um caso. Segundo ela, na semana anterior, José ligou afirmando que estava passando para visitá-la; eles ficaram conversando na frente da casa da cunhada, quando Josué e Vinícius viram os dois e, nervosos a empurraram. De acordo com ela, o último contato com José foi quando ele ligou para perguntar se estava tudo bem depois da confusão.

Em seu relato, ela ainda afirmou que no sábado a noite, perto das 22h30, José ligou falando que queria dar uma volta. Segundo Viviane, a vítima, Josué, Vinícius e Daniel saíram juntos, mas ela teria ficado em casa. Como estavam demorando, tentou ligar para Daniel, mas ele não atendeu; ela acabou adormecendo e só acordou às 7h30, quando ouviu barulho de um carro. Foi quando os PMs entraram e Daniel confessou que matou e jogou José no rio.

Daniel
Por sua vez, Daniel assumiu que as armas e munições eram dele. Disse também que recentemente foi preso por violência doméstica e soube que enquanto esteve guardado a vítima teria dado em cima de Viviane. Quando saiu da prisão, sua companheira teria afirmado que José tinha um carro e que sempre estava com dinheiro no bolso. No dia do crime, ele se encontrou com Josué e Vinícius, perguntando se algum deles tinha carteira de motorista, pois ele não sabia dirigir. Viviane combinou com José um encontro, e, quando a vítima chegou ao local combinado, foi surpreendida pelo trio, que invadiu o carro e foi até a Estrada do Tietê, onde José foi assassinado, conforme afirmou Daniel, porque reagiu e o atacou: “não queria matar, mas queria dinheiro”, explicou. A versão de Daniel foi praticamente toda confirmada por Josué e Vinícius, a exceção é quanto à possível reação da vítima; segundo os participantes, Daniel foi para o mato com José e, quando voltou, afirmou que tinha o matado.

Investigação
Diante das versões dos envolvidos, o delegado Haroldo Davison ainda vê pontas soltas no caso. “A motivação do crime ainda está conturbada. Algumas peças não se encaixam. Falaram que foi para roubar automóvel, mas o tipo do crime não é característico de roubo”, comentou. Enquanto a polícia investiga o caso, os envolvidos seguem detidos.

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