Obviamente não se deve esperar que um sindicato se preocupe com a qualidade do serviço público. Até porque a razão de existir de uma entidade sindical é defender sua categoria. Porém, há casos em que um mínimo de bom senso não faria mal.

Esse bom senso, no entanto, pareceu faltar ao Sindicato dos Servidores do Quadro Geral, conhecido como SIFAR, quando solicitou que um médico que atua numa das unidades básicas de saúde mais importantes da cidade fosse licenciado à entidade para basicamente fazer serviços administrativos.

Não, não! Você não está lendo errado: o SIFAR quer que um médico que atualmente está lotado na Unidade Básica de Saúde Santa Mônica, que atende a uma população de 25 mil pessoas, vá bater ponto na sede do sindicato.

O pedido foi feito por meio do ofício 140/2025. Nele, o SIFAR alega que – por lei – tem direito a ter três servidores pagos pela população araucariense dando expediente na sede da entidade. A direção argumenta que atualmente já tem esses três funcionários, mas que quer trocar um. A troca envolveria Jean Carlo dos Anjos Rosa, que é auxiliar de enfermagem, pelo médico Bruno Garcia Mansolelli, que atualmente está lotado na UBS Santa Mônica.

O problema é que, como se sabe, existe um grande déficit de médicos na rede municipal de saúde. E, por mais que novos concursos sejam feitos, a maioria dos que aceitam o cargo acabam pedindo exoneração.

O fato, aliás, é de conhecimento público. Mesmo sabendo dessa deficiência, o SIFAR não ficou sequer envergonhado de pedir para aumentar ainda mais esse déficit.

Ao que se sabe, a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) já teria respondido ao solicitado pelo SIFAR e informado que a liberação do profissional médico prejudicaria sobremaneira os atendimentos aos usuários da UBS Santa Mônica. O processo teria sido enviado à Procuradoria Geral do Município (PGM), que também se manifestou no sentido de não liberar o médico para fazer serviços administrativos na sede do sindicato.

Resta saber agora se o sindicato vai pensar na população que precisa do profissional médico dentro do consultório e desistir da liberação ou se vai insistir para que ele vá ajudar nas tarefas administrativas do SIFAR, buscando algum tipo de judicialização da demanda. Vamos aguardar.

Edição n.º 1483.