Durante a semana passada, de 25 a 28 de setembro, aconteceu o 1º Festival Literário da cidade. Já na abertura, alunos, curiosos e apaixonados por leitura compareceram no Ginásio de Esportes Joval de Paula Souza onde assistiram uma apresentação da Banda Municipal de Araucária e uma palestra do diretor da Biblioteca Pública do Paraná, Rogério Pereira. Durante o evento, vários livros estavam expostos com a pretensão de atrair os olhares de diversos públicos. Para o local, os feirantes levaram clássicos da literatura, revistas variadas, livros infantis e gibis. Além das vendas, também foi possível trocar livros, ouvir a contação de histórias, declamação de narrativas, bate papo com autores e alguns shows. O comércio de alimentos ficou por conta da Associação de Proteção à Maternidade e à Infância (APMI), que vendeu bolos, salgados, refrigerante e água.

Durante a manhã de sexta-feira, 27 de setembro, alguns alunos da Escola Municipal General Celso estiveram no evento e contaram o que acharam: “Achei bem legal, comprei um livro de piadas e gostei bastante da contação de história”, conta Ângelo, 11 anos. Thalyta, 10 anos, também aproveitou a feira: “É muito divertido, tem muitas coisas legais, gostei muito da contação de histórias e estou levando para casa livros de piadinhas. Richard, 10 anos, que acompanha a feira há 2 anos, também gostou: “Eu estou achando muito legal, tem vários livros para comprar”. Para quem gosta muito de ler, como a Sabrina, 9 anos, o espaço foi um prato cheio: “Achei muito interessante, leio toda noite e gostei muito da contação de história.

O outro lado
Mas parece que para os expositores a Feira não foi tão boa assim. Foi assim que, pelo menos, o feirante Daniel Zanella, se posicionou ao entrar em contato com O Popular. Conforme afirmou, dentre algumas falhas menores, o maior erro da organização desse ano foi a divulgação precária e o fato de não firmarem uma parceria com empresas de transporte não garantindo, nem ao menos, a presença do público induzido. “Feira, de qualquer segmento, não existe sem gente. E foi o que tivemos, uma feira com divulgação precária em que o raro público espontâneo parecia chocado com o que estava acontecendo. (…) Todo ano, a Prefeitura, através de parceria entre a Secretaria de Educação e a Secretaria de Cultura, se articula para conseguir gratuitamente ônibus que transportem as crianças de sua geografia até o local do evento, o que denominamos como público induzido, fundamental para os feirantes, que, se já não contam com um público espontâneo diversificado, ao menos, enxergam nos professores e estudantes um público potencial e numeroso. (…) Este ano não houve articulação. Tivemos, assim, uma Feira em que o feirante era quase decorativo, atividades com público vexatório e uma emoção geral de frustração daqueles que integram a Feira de tempos”, explica em seu artigo ‘A Feira Clandestina’.

Mas, como afirma, o problema não é só de agora: “A questão se arrasta há eras e envolve fatores mais complexos. Ao longo destes sete anos pude mesmo constatar o quão complicado é organizar eventos culturais no município. A pasta não tem orçamento, os coletivos culturais da cidade são desarranjados – ou simplesmente acham que o Estado deveria nutri-los de verba pública – e o público vinculado aos assuntos culturais – música, teatro, artesanato – não aparece, como se a desprestigiar o que é feito aqui de véspera. Isso que nem irei entrar no mérito das desavenças políticas que permeiam qualquer administração ou a simples desinteligência de funcionários altamente colocados que calham de não saber quem foi Saramago ou o que é um romance em si, não é amplo, e seus custos logísticos são altos. (…) Ainda assim, apesar de minha decepção, acredito no potencial que Araucária tem para ser mais relevante culturalmente e, não sei se é esperar muito, acredito numa cidade em que os organizadores cotidianos ao menos saibam mais das coisas da máquina pública – e dos caminhos a percorrer – do que os feirantes de cinco dias ao ano.”, finaliza.