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Após sua ressurreição, Jesus se manifesta diversas vezes, sobretudo, para os apóstolos. A aparição mais emblemática acontece no oitavo dia da semana, ou seja, no domingo, quando os apóstolos estavam reunidos em comunidade. Eles ficaram muito felizes e exultaram de alegria. Um pequeno detalhe: Tomé não estava em casa quando Jesus lhes apareceu. Quando os demais lhe contaram sobre o ocorrido, ele não acreditou. Disse que só acreditaria se tocasse em suas mãos e no seu lado. Exatamente, oito dias depois, novamente num domingo e em comunidade, ele lhes aparece novamente. E neste dia, Tomé estava em casa e pode então, fazer a experiência do ressuscitado. Alegrou-se por ver o Senhor e lhe disse: ‘meu Senhor e meu Deus’. Jesus então respondeu: ‘Você acreditou porque me viu. Felizes os que acreditam sem me terem visto’. E dando-lhes a paz, desapareceu do meio deles.

Esta passagem é muito significativa, e nos aponta duas questões fundamentais no seguimento a Jesus: ele se manifesta num domingo, quando estão reunidos em comunidade. Para nós, católicos, seguidores de Jesus Cristo, o domingo assume um valor pleno. Domingo é o dia do Senhor, o dia do ressuscitado. Ele não se manifesta para alguém isoladamente, mas, em comunidade, onde as pessoas estão reunidas em seu nome. Isso mostra o quanto é fundamental a vivência comunitária. Quem reza todos os dias, mas não participa da celebração do domingo em comunidade, é um bom rezador, e é bom que o faça, mas não é cristão, pois ser cristão significa viver em comunidade.

Desde os primórdios do cristianismo, a dimensão comunitária assumiu um papel determinante no seguimento a Jesus Cristo. Para os muçulmanos, este detalhe não tem importância, pois eles dirigem suas preces para Alá de modo isolado. Nós, cristãos, pelo contrário, manifestamos a nossa fé vivendo como irmãos em comunidade. Conhecemos a famosa passagem dos Atos dos Apóstolos, apresentando uma comunidade em Jerusalém, onde todos viviam unidos, testemunhando a fé, e não havia necessitados entre eles. Havia entre eles uma verdadeira partilha, tanto espiritual como material. Colocavam aquilo que tinham e suas preces em comum, a serviço de todos, sobretudo, dos mais necessitados.

A Igreja Católica nasce, desde o princípio, como comunidade de fiéis, reunidos em torno de Jesus Cristo. Ali, unidos, partilham suas vidas, cantam, elevam suas preces, vivem o amor e a solidariedade. Ser cristão é no fundo, viver a caridade, como sinal de amor concreto do amor ao próximo. Em comunidade, vivemos a experiência do compromisso, onde nos sentimos responsáveis uns pelos outros. Ninguém se salva sozinho, nos salvemos em comunidade, onde buscamos acima de tudo o bem do irmão. Participar não significa estar apenas fisicamente ao lado do outro, todos os domingos, mas viver a entre ajuda, a preocupação com seu bem estar e com a sua felicidade. É impossível viver o cristianismo preocupado apenas com a salvação de sua alma. Juntos, como irmãos, vamos caminhando lado a lado na construção do Reino de Deus já aqui na terra, que será vivido plenamente na eternidade.

Este tempo pascal nos aponta para esta grande verdade: seguir Jesus Cristo ressuscitado é, antes de tudo, viver em comunidade. Participar do encontro no domingo com os irmãos, onde se manifesta. O Ressuscitado. Esta é a essência do cristianismo, desde o seu nascimento e perdurará eternamente. Ele se manifesta todos os domingos em comunidade.

Publicado na edição 1160 – 25/04/2019

O ressucitado se manifesta na comunidade

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