Jesus nos apresenta através de suas parábolas, a beleza das pequenas coisas, que, movidas pelo amor, fazem verdadeiros milagres na vida das pessoas. O grão de mostarda, quase invisível, quando semeado na terra, cresce de modo impressionante, a ponto de virem os pássaros para se abrigarem debaixo de suas folhas. O que parecia ser algo sem importância, de tão minúsculo que era, cresce e atinge uma estatura que impressiona. Jesus usa essa parábola para falar do Reino de Deus que se constrói a partir de gestos aparentemente simples, pequenos, mas, que transformam o ambiente e o mundo ao seu redor. Para que o Reino de Deus se manifeste no mundo, não requer atos ou gestos extraordinários, mas pequenos sinais que brotam de um coração cheio de amor, que faz tudo na gratuidade.
Exatamente na gratuidade é que reside a grandeza do ser humano, quando, deixa de agir movido pelo seu lado narcisista e egoísta, e, se coloca pronto para servir, sem esperar nada em troca. Somente um coração carregado pelo amor de Deus é capaz de se colocar nesta dinâmica, onde a mão direita não saiba o que a esquerda faz. São os chamados voluntários, que partilham suas vidas a serviço de uma causa social, sem esperar recompensa financeira. Num mundo onde tudo gira em torno do dinheiro, dos interesses pessoais, esperando compensações financeiras, esse gesto de gratuidade torna a pessoa plenamente humana. Como dizia São Paulo com propriedade, ‘existe muito mais alegria em dar do que em receber’.
Os grandes homens e mulheres se caracterizaram por esses gestos simples, pequenos, realizados de modo totalmente desinteressado, apenas, por amor. O amor verdadeiro não espera troca, não quer recompensa, não busca compensação, mas, faz tudo na gratuidade, porque brota de um coração que reconhece que tudo é dom de Deus. Madre Tereza, uma grande santa dos nossos tempos, um dia estava cuidando de um leproso, cheio de feridas. Uma jornalista que acompanhava aquele trabalho ficou impressionada com o que viu e lhe disse: 1eu não faria esse trabalho nem por um milhão de dólares’. Madre Tereza lhe respondeu então: ‘nem eu, porque faço esse trabalho por amor’. Uma ação pequena, simples, mas, carregada de amor, capaz de transformar o mundo e suas relações.
O nosso esforço é importante, mas, a exemplo da semente que cresce a partir da força que está dentro dela, e, não por causa do agricultor que a semeou, assim também, tudo o que somos e realizamos, é, no fundo, graça de Deus. Infelizmente, o homem contemporâneo pensa que tudo depende dele e, tantas vezes nega a ação divina. Tantas coisas nós recebemos gratuitamente, sem nenhum esforço pessoal. O sol que brilha e a chuva que cai, o sorriso espontâneo de uma criança, enfim, poderíamos enumerar tantas coisas que são obras de Deus, colocadas de modo gratuito a nosso dispor, e, que nós, tantas vezes, não percebemos e não damos o seu devido valor.
Viver, no fundo, é descobrir a beleza das pequenas coisas, dos pequenos gestos feitos com amor, que podem mudar a vida das pessoas, e, portanto, mudar o rumo da sociedade. Tantas vezes, um simples olhar cheio de misericórdia, um aperto de mão, um sorriso, um abraço espontâneo, fazem verdadeiros milagres no coração de uma pessoa atribulada e entristecida. Vamos nos unir à corrente dos homens e mulheres do bem, voluntários e voluntárias, e, aprender, na escola de Jesus, a fazer as coisas na gratuidade, sem esperar troca ou recompensa. Os pequenos gestos, feitos com amor, podem transformar a humanidade.
Publicado na edição 1265 – 10/06/2021