Jesus apresenta ao mundo a proposta do Reino de Deus, através dos seus ensinamentos, que se encontram nas inúmeras parábolas por ele proferidas. Algumas delas, são de fácil entendimento; outras, requerem um estudo mais refinado para compreender aquilo que Jesus queria realmente dizer. Entre essas, encontramos a parábola do administrador desonesto, que, devido ao seu jeito esperto de agir, recebe elogios do Mestre. Num primeiro momento, parece até estranho que Jesus elogie uma atitude errada, mas, o fundo da verdade que emana dessa parábola é desconcertante e nos leva a refletir sobre a importância dos amigos em nossa vida.

Um certo proprietário ficou sabendo que o seu administrador estava agindo de má fé e de modo irresponsável, pondo a perder os seus bens. Chamou-o e imediatamente, por justa causa, mandou-o embora. Esse homem ficou profundamente abalado, diante da sua demissão eminente e inesperada. Pôs-se a pensar então no que deveria fazer, pois estava, como se diz na gíria, ‘estava num mato sem cachorro’. Chamou então os devedores do seu patrão e fez com eles um acordo. Na verdade, o administrador tinha a obrigação de pagar uma quantia determinada ao seu patrão, e, o restante que ia além desse valor, ficava para ele. Vamos compreender!

Chamou um devedor que devia cem barris de óleo ao seu patrão. Perguntou-lhe o montante e mandou pagar somente a metade. O restante, era o que pertencia ao administrador, que decidiu não cobrar a sua parte, pensando no seu futuro. Ou seja, quando tivesse necessidade, esperava poder contar com esse amigo, ao qual ele reduziu pela metade a sua dívida. O outro devia cem medidas de trigo e ele mandou pagar somente oitenta, deixando novamente de ganhar a sua parte. Ele foi esperto, pois, pensou no seu futuro, certo de que poderia contar com essas pessoas que foram favorecidas. Jesus elogiou a sua atitude, pois, em vez de cobrar o que eles lhe deviam e sair com um dinheiro para viver bem determinado tempo, ele apostou na amizade dos mesmos, vindo em seu socorro, no momento em que ele precisasse deles.

Mais do que acumular dinheiro, movido por uma ganância sem limites, Jesus quer nos transmitir através dessa parábola, a riqueza que transborda na vida daqueles que tem amigos. Tem pessoas que tem valores materiais em fartura, mas, vivem de modo egoísta e individualista. Tem medo de ter amigos, como se esses fossem querer usufruir dos seus bens e deles se aproveitar. Preferem viver isolados, fechados, sozinhos, apegados às coisas materiais do que usufruir de uma boa companhia.

Os verdadeiros amigos fazem uma grande diferença em nossa vida, pois, são um verdadeiro tesouro, que nenhum dinheiro pode pagar. Granjear amigos, fazer amigos, cultivar as boas amizades, preenche o nosso interior e nos afasta de um vazio existencial. O livro bíblico do Eclesiastes vai afirmar que, ‘quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro’. Nada nesse mundo tem mais valor e importância do que ter bons amigos, que saberão estar do nosso lado nas horas mais difíceis da nossa vida. Todos nós, com certeza, já fizemos essa experiência e vivenciamos essa realidade. A grande esperteza não está nos bens acumulados, mas, nos amigos que construímos ao longo da vida.

Edição n.º 1483.