Segundo a tradição, a cruz que Jesus carregou até o calvário, foi descoberta por Helena de Constantinopla, mãe do imperador Constantino I, durante a peregrinação à cidade de Jerusalém. A Igreja do Santo Sepulcro foi construída no local da descoberta, por ordem de Helena e Constantino. A Igreja foi dedicada nove anos após, em 335, com uma parte da cruz em exposição. Em 13 de setembro ocorreu a dedicação da Igreja e a cruz foi posta em exposição no dia 14, para que os fiéis pudessem orar e venerá-la. Em 614 os persas invadiram a cidade e tomaram a cruz, que foi recuperada pelo imperador Bizantino Heráclito em 628. Após um ano em Constantinopla, a cruz retornou ao Santo Sepulcro, onde permanece até os nossos dias.

Para o cristão, a cruz significa a árvore da vida, o trono, o altar da Nova aliança: de Cristo, o novo Adão adormecido na cruz, brotou o admirável sacramento de toda a Igreja. A cruz é o sinal de Cristo sobre aqueles que no Batismo são configurados a Ele em morte e glória. Não podemos permanecer indiferentes diante da Cruz de Jesus: nem com Ele e nem contra Ele. Trata-se de uma escolha, que deve ser feita antes de qualquer ação. A vida do cristão é o testemunho de quanto Deus nos amou a ponto de dar seu Filho Jesus. Um canto expressa toda essa verdade: ‘ninguém te ama como eu; olha pra cruz, esta é a minha grande prova, ninguém te ama como eu’.

A Exaltação da Santa Cruz é uma festa cristã que tem como centro a recordação da Paixão de Jesus Cristo, que libertou a humanidade do pecado. É uma celebração que exalta a cruz como símbolo do sacrifício redentor de Cristo, que, por amor, esvaziou-se de sua divindade para tornar-se humano, sofrer e morrer na cruz pela salvação da humanidade. A festa não exalta, portanto, a crueldade da Cruz, mas sim o profundo amor de Deus manifestado através do sacrifício de Jesus no madeiro. Além disso, a cruz revela a vitória da Vida sobre o pecado, a morte e o mal.

A festa da Exaltação da Santa Cruz não apenas celebra um evento histórico, mas também carrega um profundo significado espiritual em nossas vidas. Ela nos lembra da importância de abraçar as nossas próprias cruzes, que podem ser desafios, dificuldades, perdas ou até contratempos do cotidiano. Abraçar a cruz em nossas vidas significa reconhecer que o sofrimento faz parte da experiência humana. Portanto, assim como Cristo carregou sua cruz, antes de ser crucificado, também nós somos chamados a carregar as nossas próprias cruzes.

Os pequenos sofrimentos diários, muitas vezes tidos como insignificantes, podem ser oferecidos a Deus como atos de amor e devoção. Ao aceitarmos esses momentos com paciência e amor, transformamos essas situações em oportunidades de crescimento espiritual e união com Cristo em sua paixão. Como diz São Paulo: ‘quanto a mim, não pretendo jamais gloriar-me, a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo’. Exaltação, portanto, significa elevação, glorificação de algo – neste caso, da cruz. A celebração da Exaltação da Santa Cruz é um dia para meditarmos os mistérios de nossa salvação, isto é, da Paixão de Cristo e assim contemplarmos o grande amor de Deus por nós manifestado na cruz.

Edição n.º 1482.