Ao longo dos três anos de pregação Jesus vai revelando o Reino de Deus através de diversos ensinamentos. Ele usa de exemplos simples, tirados do dia a dia das pessoas, para que elas pudessem mais facilmente compreender a Boa Nova por ele anunciada. As parábolas, de modo privilegiado ajudam as pessoas, sobretudo, os mais simples e humildes a compreender a mensagem do Mestre. Ele se preocupa em atingir os últimos, porque, agindo assim, o evangelho seria compreendido por todos os demais. As parábolas nem sempre são de fácil entendimento e exigem uma boa análise, para sermos fiéis àquilo que Jesus realmente quis nos dizer.
A parábola dos talentos é uma entre tantas outras que Jesus apresenta para falar do compromisso com o Reino de Deus. A forma como Jesus fala é realmente única e atraente. Nos diz que um homem resolveu viajar para o estrangeiro. Antes, chamou seus empregados e confiou cinco talentos a um, dois a outro e um, a um terceiro. Depois de um longo tempo ele retornou e pediu contas dos talentos oferecidos a esses empregados. O que recebeu 5 talentos, trabalho e lucrou outros cinco, assim como aquele que tinha recebido 2. O último, a que foi confiado um talento, enterrou o mesmo por medo do seu patrão e lhe devolveu sem ter produzido nada. Para os dois primeiros, ele garantiu que lhes daria o dobro, mas, para o último, até o talento que lhe foi confiado seria tirado dele e entregue a quem pudesse fazer frutificar.
Essa parábola se nos apresenta relativamente fácil para ser compreendida. Na verdade, todos nós recebemos talentos, que são os dons que herdamos como gratuidade divina. Tudo o que nós possuímos foi-nos dado por Deus para colocar a serviço dos outros. Na medida em que nós ajudamos alguém, em que fazemos o bem, que colocamos a nossa vida de modo gratuito a serviço dos outros, somos nós os maiores privilegiados. Mas, quando nos fechamos em nosso próprio mundo, escondemos os dons que temos e de modo egoísta guardamos para nós mesmos, naturalmente empobrecemos. Em outra passagem Jesus vai dizer que quem quiser salvar a sua vida sem ele, vai perde-la, mas quem perder a sua vida por amor a ele, vai salvá-la.
Todos nós, com certeza, já fizemos a experiência de fazer o bem ao próximo. Quando fazemos de modo gratuito e espontâneo, com alegria no coração, naturalmente nos sentimos recompensados. A recompensa não vem em forma material, mas, simplesmente alimenta o nosso interior, pelo bem que efetuamos. Assim como o mal que realizamos contra o outro volta em dobro contra nós, pelo contrário, o bem vem em dose dupla, como gratidão a Deus, por poder servir e ajudar quem estava necessitado do meu amor e da minha presença.
São Paulo, no ápice do bem realizado em prol de tantas pessoas e de tantas comunidades por onde passou, vai exclamar: ‘existe muito mais alegria em dar do que em receber’. Quando você leva uma palavra de consolo a quem está triste e desanimado e isso ajuda o outro, espontaneamente isso te preenche e te faz sentir bem melhor e mais feliz. Se as pessoas compreendessem o quanto é bom fazer o bem, de modo alegre e gratuito, não importa a quem, o mundo, com certeza, seria muito melhor.
Edição n.º 1389