Diretora da Escola Eglé está assustada com a audácia de crianças e jovens
Recentemente, um fato envolvendo uma arma chocou tanto os moradores de Araucária quanto os crimes que, infelizmente, passaram a dar a sensação de corriqueiros. Uma criança de oito anos foi encontrada com um revólver, cal. 38, marca Rossi, descarregado, na Escola Municipal Eglé, no Jardim Califórnia. Conforme afirmou o pequeno, a ideia da arma veio de um amiguinho, que falou para ele dar um “susto” nos meninos mais velhos que estavam o ameaçando. Apesar de saber que o revólver estava desarmado, o que elimina grande chance de uma tragédia maior, nos perguntamos: se nossas crianças, nosso futuro, já estão tão inseridas nesse contexto de violência, o que podemos esperar para os próximos anos?
“A violência entra como linguagem pra suprir a ausência de diálogo”, foi o que afirmou Jackson Leoni, psicólogo. Conforme contou, ela também é uma forma de linguagem, questão sociocultural, uma manifestação de uma frustração que não pôde ser exprimida de outro modo, como, por exemplo, com uma simples conversa. “Isso envolve todos os transmissores/detentores de informação disponíveis para a criança, tudo que ela tem como recurso disponível para utilizar como assimilação para o que é certo ou não. Ou seja, por mais que essa criança assista as cenas de violência extrema na televisão, a construção do que ela tem como certo ou não vai dizer se esse recurso vai ser também utilizado ou não”, explicou.
Como exemplo, o psicólogo citou uma cena assistida por uma criança em que ela viu um homem atirando em outro para se defender, mas, como já ouviu o pai dizer que é errado, ela não assimila isso como possibilidade: “ou seja, ela entende aquilo como uma alternativa, mas que não é certo fazer”. Então a noção do que é certo e errado depende do meio em que vivem, pessoas próximas, personalidades que admiram, figuras de autoridade (pais, professores, policiais), e é por isso que a sociedade como um todo tem importância fundamental na educação de todas as crianças.
Procedimentos
Nos casos como o desse garoto, o Conselho Tutelar é chamado para tentar solucionar a questão. “Os meninos assumiram que estavam errados. Mas o que estava com a arma afirmou que pegou no guarda-roupa do pai, que, ainda por cima, estava sem porte; foram encaminhados para a Delegacia para explicação”, afirmou um conselheiro. Conforme explicou, as crianças que passam por essas situações, e outras distintas, recebem o acompanhamento e medidas de proteção com acompanhamento psicológico para elas e para a família. De acordo com o Conselho, crianças em ações violentas são, infelizmente, uma cena comum: “Por isso alertamos os pais, crianças são curiosas, tem que ter orientação e não dá para deixar qualquer coisa que possa ser uma arma por perto. É necessário inibir a apologia ao crime”.